O
choque da Guerra do Ópio
Estamos na véspera da guerra do ópio
(1839-1842). Os ingleses que haviam sido expulsos da China em 1839, passam a
viver em Macau. Não tarda que em 26 de Janeiro de 1841, ocupem a Ilha de Hong
Kong, situada no outro lado da foz do rio das Pérolas e que se desencadeie o processo dos tratados desiguais,
iniciado com o tratado de Nanquim (1842) com os britânicos e continuado pelos
de Whampoa (1844), com os franceses, Wanghia (1844), com os norte-americanos, e
Aigun (1858), com os russos.
A partir da instalação dos britânicos em
Hong Kong, Macau deixa de ser o primeiro dos intermediários comerciais entre a
China e o resto do mundo, ao mesmo tempo que o assoreamento das respectivas águas
se agravava e tardava a introdução do esquema do porto franco que, à semelhança
da nova colónia britânica, só veio a ser introduzido em 20 de Novembro de
1845.
O estabelecimento dos britânicos em Hong Kong,
numa altura em que habitavam Macau cerca de cinco mil dependentes da coroa
portuguesa, para vinte mil chineses, vai ser fulgurante. Aliás em Dezembro de
1851 já aí estão instaladas cerca de 15 000 pessoas, número que, um quarto século
depois já atinge mais de centena e meia, incluindo uma importante colónia de
portugueses, aliás, maior que a residente em Macau.
não altera a posição oficial chinesa que
continua a tolerar a nossa presença, com alguma frieza estratégica. Como
referia o Vice-rei de Cantão, em memorial apresentado a Pequim: uma
vez que Macau se encontra dentro dos limites do nosso país ... sabemos como
colocá-los às portas da morte ao primeiro sinal de deslealdade.