14 - School of Political Science da Columbia University.
A ciência política contemporânea tem a ver com a história do presente, mais especificamente, com o processo académico norte-americano, quando a disciplina se destacou de um conglomerado, a que então se dava o nome de ciências políticas, onde se cruzavam o direito, a economia e a sociologia [1].
A certidão de nascimento da autonomia académica da ciência política contemporânea, apesar dos antecedentes da criação de um Department of History, Social and Political Science, na Cornell University, em 1868, e da instituição de programas de doutoramento em estudos históricos e políticos pelo milionário John Hopkins, em 1876 [2], tem a data de 1880, quando, sob o impulso de John William Burgess (1844-1931), se criou a School of Political Science na Columbia University de New York, cujo modelo, inspirado pela École Libre des Sciences Politiques, surgida em Paris, em 1871, rapidamente se reproduziu noutros centros universitários norte-americanos [3].
A escola de Burgess constituía um mero graduate institute, onde seria possível a obtenção do grau de Ph.D., depois de três anteriores anos de estudos universitários. Não passava de um agregado de estudos sobre a política, em que, apesar da autonomia académica, ainda não se atingira a verdadeira autonomia científica da disciplina.
Numa primeira fase, a escola em causa tinha três divisões administrativas: História e Filosofia Política, Economia e Ciência Social, bem como Direito Público e Jurisprudência Comparada. Isto é, sob o nome colectivo de political science, incluíam-se as disciplinas de história, filosofia política, economia, direito público, jurisprudência, sociologia e diplomacia.
O exemplo, contudo, frutificará. Em 1890, em Harvard, era criada a Faculty of Arts and Science e uma das suas doze divisões era a de History and Political Science que, em 1911, se subdivide nos departamentos de Government e de Political Economy. Surgiam também departamentos autónomos de Political Science em várias universidades. Em 1903, na Universidade da Califórnia; em 1904 na de Illinois; em 1911, na de Michigan; em 1915, na de Minnesota; em 1919, na de Stanford.
[1] Sobre as origens da ciência política em Portugal, ver o nosso Sobre a Ciência Política [1993], Lisboa, ISCSP, 1994, principalmente pp. 59 segs., e pp. 79 segs.. Sobre a história da ciência política norte-americana, para além do clássico trabalho de Bernard Crick, The American Science of Politics. Its Origins and Conditions, Berkeley/Los Angeles, University of California Press, 1959, veja-se David M. Ricci, The Tragedy of Political Science. Politics, Scholarship, and Democracy, New Haven, Yale University Press, 1984. Torna-se também imprescindível a leitura de Gabriel A. Almond, A Discipline Divided. Schoools and Sects in Political Science, Newbury Park, Sage Publications, 1989. Mais recentemente, surgiu a obra coordenada por Ada W. Finifter, Political Science. The State of Discipline - II, Washington D.C., American Political Science Association, 1992.
Sobre a ciência política em geral, é ainda útil a consulta aos relatórios da UNESCO, La Science Politique Contemporaine. Contribution à la Recherche, à la Méthode et à l'Enseignement, Paris, 1950; William A. Robson, Les Sciences Sociales dans l'Enseignement Supérieur. La Science Politique, Paris, UNESCO, 1955.
[2] David Ricci, The Tragedy of Political Science, p. 60.
[3] Sobre a formação da École Libre des Sciences Politiques, H. Berthélemy e E. D’Eichtal, L’École de Droit, L’École Libre des Sciences Politiques, Paris, Librairie Générale de Droit et Jurisprudence, 1932 e P. Rain, L’École Libre des Sciences Politiques, 1871-1945, Paris, Fondation Nationale des Sciences Politiques, 1963.