9 - Europa da União Europeia e da NATO.
Na Bélgica, o modelo dominante continua a ser o dos departamentos de ciências sociais e políticas, nas duas universidades de Antuérpia Saint-Ignatius (UFSIA) e Instelling (UIA), na Universidade Católica de Bruxelas (ramo valão) e na Université Catholique de Louvain, onde, no Collège Jacques Leclercq, permanece o Département de Sciences Politiques et Sociales, fundado em 1892, com as suas três secções de antropologia, ciência política e sociologia.
Mais vaga é a filiação da ciência política na Faculdade de Ciências Económicas, Sociais e Políticas das Facultés Universitaires de Saint-Louis de Bruxelas. Existem, contudo, departamentos autónomos de ciência política tanto na secção flamenga da Universidade Católica de Bruxelas como na Universidade Livre da mesma cidade, esta de tradicional influência maçónica [1].
Nos Países Baixos, refiram-se as universidades de Leyden, Vrije e Amsterdão. Na Suíça, destacam-se os departamentos de ciência política de Berna, Sankt Gallen, Genebra e Lausanne.
Na Itália, importa destacar o Departamento de Scienza della Politica e Sociologia Política da Universidade de Florença, onde ensinaram Leonardo Morlino e Giovanni Sartori, e que agora se corporizou num departamento de estudos sullo Stato. Em segundo lugar, refira-se o Departamento de organizações e sistemas políticos da Universidade de Bolonha [2], o Departmento de Studi Politici de Turim, onde ensinam Bonanate, Bovero, Levi e Rusconi, e o Instituto di Scienza Politica de Génova.
Todos os restantes centros universitários são sincréticos, desde os de scienze politiche como em Cagliari, Catania, Chieti, Messina, Sacro Cuore de Milão, Trieste e Urbino, de sociologia e ciência política como em Calabria, Milão, Roma e Salerno, ou de ciências históricas, jurídicas, políticas e sociais. Mesmo no Instituto Universitário Europeu de Florença há apenas um departamento de ciências sociais e políticas, com meia dúzia de professores, dos quais se destacam J. Blondel, Steven Lukes e Allessandro Pizzorno.
O mais respeitado dos politólogos italianos da actualidade é, sem dúvida, um professor norte-americano, Giovanni Sartori, a quem devemos algumas das fundamentais reflexões sobre a teoria da democracia, actualizadas depois do fim da guerra fria, compensando-se, deste modo, a obra de Norberto Bobbio que, apesar de ainda ser pautada por um neopositivismo típico dos anos sessenta, ajudou a libertar a ciência política italiana das teias da historiografia e do juridicismo.
Na Alemanha, destaca-se o Departamento de ciência política de Heidelberg, onde ensina Klaus Von Beyme, fundado em 1958, depois de Karl Jaspers, em 1947, ter dado aulas sobre ciência política e de Carl J. Friedrich aí ter ensinado em meados dos anos cinquenta. Departamentos do mesmo teor existem na Universidade Livre de Berlim e nas universidades de Colónia, Darmstadt, Duisburg, Erlangen, Estugarda, Hamburgo, Kaiserslautern, Kiel, Marburgo, Munique, Münster, Regensburg, Trier, Tubinga. Mas também se estuda a ciência política em conjunto com a sociologia - em Bremen, onde ensina Claus Offe, bem como em Dresden e Potsdam - ou com a filosofia, na Universidade Humboldt de Berlim.
Neste país existem duas associações de ciência política, a Deutsche Vereignung für Politische Wissenschaft (DVPW), fundada em 1950, sita em Darmstadt, editora da revista Politische Vierteljahresschrift, sob a direcção de Klaus von Beyme, e de um boletim anual, com edição em inglês, intitulado German Political Studies, bem como a Deutsche Gesellschaft fur Politikwissenschaft, junto da Universidade de Berlim.
Na Áustria há três centros autónomos de ciência política, os Institutos de Ciência Política das universidades de Innsbruck, Salzburgo e Viena, todos criados em 1977, bem como o Instituto de Direito Político, Ciência Política e Administração da Universidade de Graz, escola onde passaram Gumplowicz e Schumpeter. Destaque-se a Österreichisches Gesellschaft fur Politikwissenschaft, sita no Institut fur Höhere Studien (IHS) de Viena, apenas fundada em 1970, quando os cientistas políticos austríacos se destacaram da associação alemã. A associação tem duas secções autónomas: Demokratieforschung e Internationale Theorie.
Nos países escandinavos há também inúmeros departamentos de ciência política. Na Dinamarca, em Aalborg (departamento de política económica e administração pública), Aahrus e Copenhaga [3]. Na Suécia, nas universidades de Göteborg, Linkoping, Lund, Örebro, Umea, Uppsala e Växjö [4]. Na Finlândia, nas universidades de Helsínquia e Turku [5]. Na Noruega, nas universidades de Bergen (Departamento de política comparada), Lillehammer, Oslo, Tromso e Trondheim (Departamento de sociologia e ciência política) [6]. Saliente-se que foi a partir da Universidade de Bergen que Stein Rokkan desencadeou o modelo de um novo comparativismo político, desde Party Systems and Voter Alignements. Cross National Perspectives [1967], ao mais recente The Politics of Territorial Identity. Studies in European Regionalism [1982].
Na Grécia, a ciência política estuda-se no Departamento de ciência política e administração pública da Universidade Nacional de Atenas (Athinisin Panepistimion), ou no de relações internacionais da Universidade Panteion de Ciências Sociais e Políticas, também de Atenas [7]. Quase o mesmo se passa na Turquia, onde, nas Universidades Bilkent e Técnica, ambas de Ankara, há departamentos de ciência política e administração pública, e na Universidade do Bósforo, de Istambul, onde existe um departamento de ciência política e relações internacionais [8]. Observe-se, a este respeito, as paradoxais semelhanças portuguesas com estes dois países da periferia sudeste da Europa, em termos de organização universitária, quando as correntes profundas em que se funda a nossa história cultural e académica talvez devessem pautar-se por outras inspirações, mesmo correndo o risco de continuarmos a copiar franceses ou espanhóis…
[1] A Universidade Livre de Bruxelas edita a revista Res Publica. Belgian Journal of Political Science.
[2] É na Universidade de Bolonha que funciona a sede da associação italiana de ciência política, editora das revistas Teoria Politica, dirigida por Luigi Bonante, e Rivista Italiana de Scienze Politiche, dirigida por Leonardo Morlino.
[3] A associação dinamarquesa de ciência política edita a revista Scandinavian Political Studies.
[4] A associação sueca de ciência política, com sede na Universidade de Lund, edita as revistas Stasvetenskapliga tidskrift e Politologen.
[5] A associação finlandesa de ciência política edita a revista Politiika.
[6] A associação norueguesa de ciência política, com sede em Kristiansand, edita a revista Norsk Statsvitenskapelig Tidsskrift, reunindo cerca de quatro centenas de membros.
[7] Há uma associação grega de ciência política, com sede na Universidade Nacional de Atenas.
[8] Há uma associação turca de ciência política, sita na Universidade Bilkent de Ankara.