© José Adelino Maltez, Crónica do Pensamento Político, editada em Dili, na ilha do nascer do sol, finais de 2008

 

1215: 4º Concílio de Latrão, Magna Charta e conquista de Pequim pelos Mongóis

 

 

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   Século XII  Linha do Tempo    Século XIV
  Filipe II, Augusto, rei de França (1180-1223) 

João Sem Terra, rei da Inglaterra (1199-1216)

Henrique I de Castela (1214-1217)

Valdemar II, rei da Dinamarca (1202-1241)

Juntoku no Japão (1210-1221).

 

Pontificado de Inocêncio III (1198-1216)

Otão IV de Brunswick (1198-1218), imperador pelos guelfos

Teodoro I Lascáris (1204-1222), imperador de Niceia.

Henrique, imperador latino de Constantinopla (1205-1216)

 

Simão de Monfort, conde de Toulouse. Morre em 1218.

Triunfo definitivo de Frederico II na Alemanha, no ano em que é eleito Imperador (1215-1250).

 

Começa, em Florença, o conflito de guelfos contra gibelinos, depois de Bouvines, no ano anterior, quando Otão IV foi derrotado.

 

Guelfos são os partidários de Otão IV, os Welfen. Contra eles, os gibelinos, os partidários de Frederico II, Hhenstaufen, os Waiblingen. Os primeiros serão partidários do Papa e, depois, os aliados preferenciais dos franceses. Os segundos, hão-de, depois apoiar os Habsburgo. No grupo guelfo, Florença, Milão, Mântua e Ferrara. No gibelino, Siena, Pisa, Modena, Pavia e Cremona.

 

 

Mongóis de Gengis Khan conquistam Pequim, depois de uma revolta da guarnição local (Maio) e gradualmente dominam todo o norte da China. Mongóis, depois de entrarem em Pequim, massacram os habitantes e destrem a cidade. Os habitantes refugiam-se na outra margem do rio Amarelo. O neto de Gengis Khan, Kubliai há-de reconstruir a cidade.

 

 

Magna Charta (15 de Junho). As sucessivas derrotas internacionais levam a uma revolta dos barões. Trata-se de um pacto feudal estabelecido entre o rei João Sem Terra e os barões, que constitui uma forma de controlo do poder central pelo avivamento dos poderes senhoriais periféricos, bem diferente  do modelo pós-feudal resultante da nossa revolução de 1383-1385, onde o rei foi eleito pela vontade geral das cortes representativas, participando nelas de forma estrutural o terceiro estado, donde vieram os principais teóricos do regime, os legistas. Nesse documento, o rei declara que não lançaremos taxas ou tributos sem o consentimento do conselho geral do reino... os mercadores terão plena liberdade para sair e entrar em Inglaterra)

 

 

 

E é no quarto concílio de Latrão de 1215 que esta doutrina atinge o seu apogeu, numa altura em que se extinguia a própria heresia albigense. Surgem então alguns autores como o Cardeal de Óstia (m. 1271) que em Suma Aurea, de 1253, proclama que a cristandade tem uma só cabeça, o papa o qual retém os dois gládios e está acima do Imperador, como o ouro sobre o chumbo. Como assinala Höffner, passa-se do sacerdócio régio de Carlos Magno para o cesaropapismo.

 

Numa primeira fase, o conflito teórico deu-se apenas entre os defensores do poder temporal do papa, os hierocratas, que defendiam a superioridade da Igreja sobre os governantes temporais, e os anti-hierocratas ou antiteocratas, partidários do Imperador, entre os quais se contam autores como João de Paris, Marsílio de Pádua, William de Ockham ou Dante Alighieri.

 

Contudo, a partir do século XIII, com a emergência dos reinos, a res publica christiana, deixou de ser apenas uma diarquia, passando a surgir a tricotomia sacerdotium, imperium, regna.

 

Surgem então os autores marcados pelo renascimento do direito romano que, considerando que os reis são imperadores no seu próprio reino, tratam de praticar a imitatio imperii.

 

Mas é também na altura que, com São Tomás de Aquino, se procura uma media via, onde a Igreja passa a dispor de uma auctoritas superlativa que não absorveria a potestas civilis, apenas podendo intervir no poder temporal quando tal fosse necessário para a realização dos seus fins espirituais.

 

Kubilai Khan (c. 1215-1294). 

 Reinado de D. Afonso II

 

Morte do chanceler Julião Pais morre (26 de Julho). Era chanceler régio desde Março de 1199. Sucede-lhe o discípulo Gonçalo Mendes.

 

Embaixada do Regente de Castela a D. Afonso II para tratar do casamento entre a irmã deste, Dona Mafalda e Henrique I, rei de Castela.  

Inocêncio III condena a Magna Charta (24 de Agosto) e fixa os estatutos da Universidade de Paris.

 

Quarto Concílio de Latrão. O 12º concílio ecuménico. Mobilizados 412 bispos, incluindo os patriarcas de Constantinopla e de Jersualém e mais de oitocentos abades e priores, embora a maioria dos bispos gregos não tenha marcado presença (11 de Novembro).

 

Assumida posição contra os albigenses.

 

Instituída a obrigatoriedadde da confissão, pelo menos uma vez por ano (cânone Omnis utriusque sexus).

 

Condenação das teses de Joaquim de Flora. 

 

Concílio encerra em 30 de Novembro. A apoteose de Inocêncio III, consagrando-se a supremacia do poder espiritual sobre o poder temporal. Assim se conclui processo desencadeado pelo papa Gregório VII.

 

Confirma-se a perspectiva teocrática e o direito de intervenção papal nos assuntos internos dos vários reinos.

 

S. Domingos de Gusmão* é nomeado inquisidor-geral.  
 

© Editado por José Adelino Maltez em Dili, Universidade Nacional de Timor Leste, ano de 2008

 

 

 

Última revisão:15-02-2009