© José Adelino Maltez, Tópicos Político-Jurídico, texto concluído em Dili, na ilha do nascer do sol, finais de 2008

 

 

Arte de Furtar (1652)

 

 

•Obra publicada anonimamente, com o subtítulo Espelho de Enganos, Teatro de Verdades, Mostrador de Horas Minguadas, Gazua Geral dos Reinos de Portugal.

•Apesar de ter-se atribuído a paternidade do texto ao Padre António Vieira, a autoria do mesmo é, mais provavelmente de António de Sousa de Macedo, sendo também fortes as probabilidades de ter nascido da pena de Manuel da Costa.

•Aí se põe a senhora Dona Política como filha da Senhora razão de Estado e do Senhor Amor Próprio.

•Ambos dotaram‑na de sagacidade hereditária e de modéstia postiça. Criou‑se nas Côrtes dos grandes Principes, embrulhou‑os a todos, teve por aios Maquiavel, Pelágio, Calvino, Lutero e outros doutores dessa qualidade, com cuja doutrina se fez tão viciosa que dela nasceram todas as seitas e heresias que hoje abrasam o mundo.

•Para o anónimo autor de tal libelo, todos falam de política, muitos compõem livros dela e no cabo nenhum a viu, nem sabe de que cor é.

•Mais sibilinamente refere: a primeira máxima de toda a política do mundo que todos os seus preceitos encerram em dois, como temos dito, o bom para mim e o mau para vós.

•Ao aceitar a regra de viva quem vence. E vence quem mais pode, e quem mais pode tenha tudo por seu, porque tudo se lhe rende, neste ponto, errou o norte totalmente, porque tratou só do temporal sem pôr a mira no eterno.

•Cfr. Ed. crítica, com introdução e notas de Roger Bismut, Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1991.

© José Adelino Maltez em Dili, Universidade Nacional de Timor Leste, ano de 2008

 

Última revisão:15-02-2009