© José Adelino Maltez, Tópicos Político-Jurídico, texto concluído em Dili, na ilha do nascer do sol, finais de 2008

 

 

 

Michel Eyquem, Senhor de Montaigne (1533-1592)

 

 

Parce que nous ne vivons pas nos maximes, nous maximons notre vie

 

·Essais, 1580. Novas edições em 1572 e 1588

 

 

1 Truyol (HFDE), II, 1982, pp. 30-31.

 

•Oriundo, pelo lado materno, de uns Judeus ibéricos, de nome Lopes, fica conhecido pelo nome do senhorio de Montaigne, que o pai, comerciante de vinhos de Bordéus, adquiriu a um qualquer fidalgote falido.

•Um jurista, bem-educado pelo nosso André de Gouveia e que, de vez em quando, até cita D. Jerónimo Osório, também se reconhece como pertencendo a uma nova espécie, a dos filósofos que se tornam filósofos por acaso e sem premeditação.

•Estuda filosofia e direito. Amigo de Étienne la Boétie. Começa a compor os seus Ensaios em 1572. Maire de Bordéus em 1581.

• Marcado por um cepticismo que admite o mistério, mas sem cedências ao misticismo.

•Distancia-se de Descartes, quando reconhece os limites e as vãs pretensões da razão humana, sendo um dos fundadores do reflexionismo francês. Assume como divisa o Que sais-je?

•Salienta que “o mundo não é senão variedade e dissemelhança”. E “somos todos constituídos de peças e pedaços juntados de maneira casual e diversa, e cada peça funciona independentemente das demais”. Até porque “lamento encontrar em meus compatriotas essa inconsequência que faz com que se deixem tão cegamente influenciar e iludir pela moda do momento, que são capazes de mudar de opinião tantas vezes que ela própria muda...”

•Acrescenta que “as pessoas dotadas de finura observam melhor e com mais cuidado as coisas, mas comentam o que vêem e, a fim de valorizar a sua interpretação e persuadir, não podem deixar de alterar um pouco a verdade... Gostaria que cada qual escrevesse o que sabe e sem ultrapassar os limites de seus conhecimentos”

•Porque nunca um homem se pode banhar duas vezes nas águas do mesmo rio. A não ser os que não sabem reconhecer que “há tantas maneiras de interpretar, que é difícil, qualquer que seja o assunto, um espírito engenhoso não descobrir o que lhe convenha”.

•Até porque “a confusão das ideias humanas fez que os múltiplos costumes e credos opostos aos meus, mais me instruíssem e contrariassem”.

 

 

© José Adelino Maltez em Dili, Universidade Nacional de Timor Leste, ano de 2008

 

Última revisão:15-02-2009