1945
 

Outubro
Guerra na Indonésia e golpes sul-americanos

 

Decidida em Paris a constituição da Federação Sindical Mundial, pró-soviética (3 de Outubro)

Vitória dos trabalhistas nas eleições norueguesas (10 de Outubro)

Criada a FAO (16 de Outubro)

Entrada em vigor da Carta da ONU (24 de Outubro).

Guerra na Indonésia entre os independentistas, comandados por Sukarno, e as autoridades dos Países Baixos (27 de Outubro)

Vitória do partido socialista nas eleições dinamarquesas; será constituído um governo minoritário, presidido pelos agrários, em 8 de Novembro (31 de Outubro)

Instituída em França a Sécurité Sociale (4 de Outubro). Corpo expedicionário francês desembarca em Saigão (5 de Outubro). Pierre Laval é condenado à morte (9 de Outubro). Eleições para a Assembleia Constituinte (21 de Outubro). Maioria para socialistas e comunistas.

Golpe de Estado na Venezuela. Derrubada a ditadura de Angarita e lançadas as bases para o regresso à democracia, tomando o poder uma junta revolucionária liderada por Rómulo Bettancourt* e o Partido da Acção Democrática (18 de Outubro)

Péron sobe ao poder na Argentina (22 de Outubro). O país, depois do golpe de Estado de 4 de Junho de 1943, mantinha uma situação de regime militar, com Juan Domingo Perón como Vice-Presidente. Afastado do poder em 9 de Outubro de 1945, logo regressa, vindo a ser eleito em 1946.

No Brasil dá-se a queda de Getúlio Vargas (1883-1954) em 29 de Outubro, num golpe encabeçado pelo seu ministro da guerra Eurico Gaspar Dutra (1855-1974), com o apoio norte-americano. Seguem-se eleições (2 de Dezembro), com a inevitável vitória de Dutra, então membro do PSD, mas com o apoio do PTB de Getúlio, que voltará à presidência em1951.

MUD. Nasce o MUD (Movimento de Unidade Democrática) numa sessão do Centro Republicano Almirante Reis, na Rua do Bem-Formoso (8 de Outubro 1945).

Regime procura uma imagem de tolerância – Decreto-Lei nº 35 041 de 18 de Outubro estabelece uma amnistia parcial para os presos acusados de crimes contra a segurança interna e externa do Estado.

Eleições para as Juntas de Freguesia sem a presença do MUD, em 21 de Outubro. Ministro do Interior havia substituído todos os governadores civis, numa altura em que lavra um certo mal-estar nas fileiras situacionistas.

Nas eleições para os sindicatos nacionais, surgem listas dominadas pelo PCP, cujos influenciados conseguem obter bastantes lugares.

Católicos da oposição O jornal República publica, em 23 de Outubro, um artigo do Padre Alves Correia intitulado O Mal e a Caramunha, que o hão-de levar ao exílio. Critica o regime por dar cobertura aos monárquicos, eventuais instigadores da Noite Sangrenta.

Surgem outras divisões entre os católicos, com o antigo companheiro de Salazar, Francisco Veloso, a aderir ao MUD, em nome das teses de Leão XIII e Jacques Maritain. Considera que em democracia não há soberano e que tem-se governado longe do povo, em círculo fechado e de portas cerradas. Daí, proclamar a necessidade da instauração perfeita da democracia em Portugal.

O Padre Abel Varzim, instigado por Cerejeira, chega a sondar algumas personalidades católicas, incluindo membros do governo no sentido da constituição de um eventual partido democrata-cristão.

Surgem monárquicos como Francisco Vieira de Almeida (1888-1962) a denunciarem o pessoalismo do poder. Refira-se, também, a criação de outros grupos, como o Centro Nacional de Cultura, fundado por um grupo de monárquicos não alinhados com o regime, sob a liderança de Fernando Amado (Dezembro)

O Grande Oriente Lusitano escreve ao presidente norte-americano Truman, solicitando-lhe os bons ofícios contra a Gestapo lusitana, mas o pedido de socorro não é atendido.

Oposição no Brasil – Entretanto, surge no Brasil a Sociedade dos Amigos da Democracia Portuguesa com Manuel Bandeira, Jorge Amado, Carlos Drumond de Andrade, Gilberto Freyre e Graciliano Ramos. Apoiam o Comité Central do Movimento Anti-Fascista dos Portugueses do Brasil, onde se destaca Lúcio Pinheiro dos Santos. Outros oposicionistas movem as suas influências nesse país, com destaque para Jaime Cortesão, Moura Pinto, Jaime de Morais e Sarmento Pimental, com a protecção financeira de Ricardo Seabra.

 

 

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©  José Adelino Maltez, História do Presente (2006)

© José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: 31-03-2009