1968
 

Agosto
De como ardeu o coração de Praga

 

 

Acordos de Moscovo URSS/RFA, na sequência da Ostpolitik de Willy Brandt (12 de Agosto)

Tito visita Praga (15 de Agosto)

Ceausescu assina tratado de amizade com a Checoslováquia (15 de Agosto)

Bomba H chinesa (24 de Agosto)

Intervenção militar francesa no Chade (28 de Agosto)

Exército soviético sai da Checoslováquia (3 de Agosto)

Tropas do Pacto de Varsóvia invadem a Checoslováquia; prisão de Dubcek (20 para 21 de Agosto)

Conselho de Segurança da ONU, com veto soviético, condena a invasão (23 de Agosto)

Dirigentes checos, incluindo Dubcek, entretanto libertado, prometem em Moscovo normalização, isto é, perseguição aos contra-revolucionários e estabelecimento da censura (27 de Agosto)

Remodelação Em 19 de Agosto: Gonçalves Rapazoteö no interior; José Hermano Saraiva, na educação; João Dias Rosas, nas finanças; Bettencourt Rodrigues no exército; Pereira Crespo na marinha; Jesus dos Santos na saúde. Saraiva e Rosas são considerados marcelistas e Crespo é maçon. Como subsecretário de Estado da educação, Elmano Alves e como CEMGFA, Venâncio Deslandes. Os últimos conselheiros da remodelação foram Mário de Figueiredo, Luís Supico Pinto, Soares da Fonseca e Castro Fernandes que tiveram uma reunião como o supremo seleccionador em 10 de Agosto.

Em 28 de Agosto: Canto Moniz nas comunicações, o último ministro nomeado por Salazar.

Salazar sofre um acidente doméstico, quando cai de uma cadeira e bate com a cabeça... Está no forte de Santo António da Barra, no Estoril (8 de Julho). Segue-se a tomada de posse do seu último governo, já totalmente inspirado no conselho de Luís Supico Pinto (19 de Agosto), antes de surgirem os primeiros sinais de desconexão mental do presidente do conselho que passa a sofrer de doença incapacitante (4 de Setembro). Operado de urgência ao cérebro por Vasconcelos Marques (6 de Setembro), é, depois, acometido de trombose (16 de Setembro). É neste contexto que surge a inevitável reunião do Conselho de Estado (17 de Setembro), onde se discute a substituição do omnipotente cônsul, sendo consensual a opinião sobre a nomeação imediata de um novo Presidente do Conselho.

Os delfins. A maioria dos dignitários do regime contactados apoia Marcello Caetano, embora também tenham indicado Franco Nogueira e Antunes Varela. Fala-se também em Adriano Moreira, recém-casado e fora do país, mas este não tem o apoio da hierarquia das forças armadas nem da Igreja Católica e são vivas as suas disputas pessoais com Marcello Caetano e Franco Nogueira, apesar de certa linguagem de justificação do próprio lhe dar uma aparente ontologia política, embora os bem informados nas intimidades do regime conheçam os precisos contornos das divergências. Tomás nas suas memórias diz que teria preferido Pedro Teotónio Pereira, se este não estivesse doente. Chega também a aventar-se a hipótese de António Pinto Barbosa.

Turbulências domésticas – PCP apoia a invasão de Praga pelas tropas do Pacto de Varsóvia (23 de Agosto) Padre Felicidade Alves é preso e afastado de pároco de Belém (Novembro). Greve de 5 000 pescadores de Matosinhos (Abril). Em Maio é encerrada a Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa e há greves dos conserveiros. Hermínio da Palma Inácio entra clandestinamente em Portugal, visando uma acção de ocupação da cidade da Covilhã que sai frustrada, dado que o grupo armado é detido em Moncorvo (18 de Agosto).

Franco Nogueira tem que substituir o embaixador de Portugal em Madrid, Pinto Coelho, por causa do divórcio deste. Há vários candidatos à substituição de tal personalidade, como Adriano Moreira, Kaúlza de Arriaga, Luís da Câmara Pina e Daniel Barbosa. Prefere-se a solução corporativa de Manuel Rocheta.

 

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©  José Adelino Maltez, História do Presente (2006)

© José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: