VOU-ME EMBORA

No Princípio Era o Mar, p.91

Digo em voz baixa:
vou-me embora,
vou fugir
da prisão do meu país...
Mas sofrendo o exílio
mesmo antes de partir
eis-me sempre regressando
à pátria donde não saí.
Nem sei o que me prende
realmente.
se os campos serenos
da aldeia onde cresci,
se as praias sem fim
onde aprendi meu país,
esta poesia atlântica
que circula
da paisagem para mim.

3 de Outubro de 1975