VOU AO FUNDO DAS HORAS
Vou ao fundo das horas
num ir que não tem voltar,
à procura do meu sentido.
E a subir me afundo
e a sonhar me encontro.
Um ir que não tem voltar,
um procurar onde não me encontro.
Quanto mais fundo, mais fundo ainda.
À procura de quem sou,
a desvendar me perco.
Vou ao fundo das horas,
procurando meu sentido.
No Princípio Era o Mar, p.23
Vou ao fundo das horas,
num ir que não tem voltar
e, afundado, perdido,
não consigo regressar.
Vou ao fundo das horas,
procurando meu sentido,
e pelos sonhos confundido
não consigo renascer.
Quanto mais fundo,
mais além ainda!
Janeiro de 1975
18 de Fevereiro de 1976