Amanhã, há-de ser mar

 

 

 

 

Amanhã.

Amanhã há-de ser mar,

mais uma vez,

quando, em voz activa,

voltar a conjugar

todos os verbos

que nos dão regresso.

Amanhã.

Amanhã há-de ser mar,

mais uma vez,

quando o fogo lento

do poente

acalentar

dois corpos enevoados

pelas frias madrugadas

do remorso.

Amanhã há-de ser,

mais uma vez,

e, postos na praia,

feitos regresso,

vivermos, vivos,

a manhã que renascer.

Amanhã hei-de ser

quem sempre fui

e será talvez para sempre.

Prometo.