Amanhã tem de ser, em qualquer lugar

 

 

 

Sem pedra onde pousar

o peso de recordar,

nesta solidão de estar longe,

vou sofrendo

ter de esquecer-te.

Assim disperso,

nas teias do remorso,

preso ao peso de quem fui,

já não consigo suster

a dor dos passos em falso

que, no passado, pequei.

Nem que seja apenas

num fugaz momento,

amanhã tem de ser

em qualquer lugar.

Uma senha

que só nós saibamos,

o sol, o fogo,

o tempo de todas as coisas

recobrarem o alento,

os muitos sinais

que nos hão-de consagrar

na pátria prometida

que, contigo, há-de chegar.

A raiz que nos leva

ao movimento,

a brisa que nos dá vento

e a suave carícia da maresia.