Ao signo que prossigo

 

 

Ao signo que prossigo,

me persigno,

meu amor inicial,

já tão antigo,

meu amor de sempre,

desde sempre proibido.

Que venha o sonho

de, todos os dias,

viver contigo,

de, livre, poder cumprir

as algemas do destino.

Sós e secretos,

sem mais ninguém à beira,

nessa praia prometida,

a rude certeza

de estarmos vivos,

sobre as areias do passado,

a velha força

das nascentes,

sustendo o peso do tempo,

meus sonhos todos,

assim postos no sossego,

os velhos poemas

que trago comigo,

as palavras prometidas,

dia a dia, repetidas,

as senhas de um segredo

que, uma a uma,

foram perdendo

suas datas e motivos,

palavras que deponho

em teu regaço.

Largando as amarras da rotina,

logo regressam

os sabores da maresia

que outrora me envolviam,

raízes vivas desbravando

a terra empedernida,

a emoção de diluir-me

em movimento.