Ciclo açoriano

 

Cada ilha é um mundo,

comunitário, profundo,

e, no fim de todas as ruas, 

onde a terra e o ar se confundem,

há um pedaço de mar 

(um leve chumbo, 

de fundo esverdeado). 

Há gaivotas, barcos, 

lonas e telas. 

Também há mulheres de relva 

e o desejo de partir,

para vir meu regressar. 

Atlântico, 

mar imenso, 

imaginário, 

do qual pensamos ser o rosto, 

presos por um pilar de pedra 

ao próprio centro da terra. 

A lava empedernida, 

exposta à ventania, 

e o longo cais de terra porosa 

repleto de navios, 

onde vou olhando, ao longe, 

o que, outrora, procurei sonhar 

e que ainda não achei.