Corpo de escrever poemas

 

 

 

 

 

Para quê fingir-me executante

das maquinais ordens anónimas

daquela hierarquia de poder

que nos manda obedecer,

sem servir o pensamento?

Ser, para sempre,

simples corpo

de escrever poemas...

Ter aladas palavras

que esvoacem livremente

por entre nuvens de som,

na sinfonia de estar vivo.

E mãos que pousem

levemente

nas brumas de um sonho

por cumprir.

Por enquanto, sei apenas

que estou sozinho,

sem conseguir

quem, comigo seja espera.

Mas é esse todo o espaço

que apetece.

O vazio da indecisão

que pode explodir

em caminho a percorrer.