Da mãe de minha mãe

 

Foi de minha avó Luíza que me vieram 

palavras como poceiro, ancinho, 

vindimas, hortas, carro de bois, 

todo um vocabulário campestre 

cujo som me dá memória, autonomia,

identidade e sinais de maresia. 

Avó, minha avó tão querida, 

mãe de minha mãe,

minha mãe também. 

Foi de ti que aprendi 

quem, no fundo, sou,

homem de pátria rural,

neste prazer de viver, 

sem pensar morrer,

cujo nome é Portugal.