Eis meu nome singular

 

Zé’delino, assim dito, num repente, 

eis meu nome singular, 

o sinal que ainda me dão 

as mulheres de xaile negro, 

porque só elas sabem 

quem, na verdade, sou,  

sem nunca terem lido 

meu curriculum oficial.  

O filho da Mari’Luiza e do Adérito,

neto de moleiros, 

agricultores e carpinteiros,  

todos naturais da mesma terra.   

A voz de meus avós que por mim ecoa

neste contar-te histórias da infância,

onde todas as coisas são diminutivos,

palavras que rimam com ninhos,

mas em cujos olhos posso sorver

marítimos caminhos.

Asas que são distância,

viagem, saudade,

corpos que semeiam

risos e chilreios,

rolas, gaivotas, andorinhas,

pequenos corpos de penas,

barcas belas que nos dão 

velas de regresso 

aos maternais beirais.