Espera, esfera, esperança

 

 

 

 

 

 

 

Estou à espera,

sou a espera,

e, feito esfera,

é, de esperança,

que me revivo.

Um corpo pleno de sonho,

que, girando em sua crença,

pode seguir mudança,

preso e liberto,

no peso bem real

da circunstância.

A roda que rola

em seu próprio eixo,

variando apenas

pelo chão

da novidade.

O verbo de seu veio

têm de ser meu centro,

que, no princípio,

era meu fim,

dever-ser de um valor,

herança que é resistência.

Só a esfera, espera,

nos dá esperança.

Só a esfera, espera.

regenera,

em seu revolucionar,

onde os regressos

nos dão avante,

nesse abraço armilar

que é raiz do mais além.

Só a espera é semente,

o situado transcendente,

o breve sinal de voo

que nos dá o procurar.

Tempo de espera

é tempo de esperança,

tempo de peregrinar

minha distância,

de, em revolta,

redescobrir.

Só a esfera, espera,

vai relembrando,

num revolucionário regresso,

com tradição e progresso.

Tempo de voltar a ser

homem de Deus,

eu, mais do que eu,

indiviso e sujeito,

grão de luz

em meu pensar,

sócio, feito pessoa,

português universal,

capaz de saudar

libertação,

na manhã que virá

depois da espera.