Lá longe, para além da serra
Lá
longe, para além da serra,
na curva
da estrada,
na sombra
de um bosque,
no sopé
da montanha,
o
murmurar das fontes
e o
espanejar dos passarinhos.
Lá
longe, no vegetal sossego
de uma
clareira sem vento,
lá
longe, dentro de mim,
quando o
silêncio permitir
o som das
folhas pisadas.
Aí, na
profunda paisagem,
nesse sítio
de segredo,
hei-de
retomar contigo
a
promessa que guardei
imaculada.
Lado a lado,
nossos corpos
consagrados
hão-de vencer a
angústia
destes dias de
renúncia,
e viver ternura.
nas mãos quentes
de um amor de
sempre
que a cinza do
tempo
não amaina.
As mesmas carícias,
doutra maneira,
as mesmas
palavras,
noutro poema.
Deixa que
tudo aconteça,
mesmo que
seja imprevisto.
No corpo,
para além do
tempo,
para que
os corpos possam dizer
o que as
palavras já não conseguem.
Peregrinar teu corpo, sempre,
como da primeira vez em que nos demos.