O exótico das coisas mais simples

 

 

Nestes sítios do sol nascente, 

a metafísica vai acontecendo 

no exótico das coisas mais simples: 

na curva de um monte verde, 

nas bolas de nevoeiro 

que nos dispersam,

ou na fina película

que limita o horizonte

e faz da cidade, ao longe,

uma sombra difusa.

Negros cabelos lisos, 

olhos de castanho escuro, 

o jeito fino das mãos 

e uma tez de porcelana 

que, breve, apetece beijar.  

Pede ao barco que se detenha 

nas pedras desta breve praia.  

Que tuas mãos me dêem

sinais de mulher amor,

carícias de carmim,

lentas colinas, lençóis de relva

e biombos de aguarela.

E sempre a seda que se pressente,

a propícia neblina

que, neste cerro, me reprime,

só porque apetece seguir o sol,

o sonho que é meu sítio,

em Ocidente, à beira mar.