O fim que vem depois
do fim
Cada
poeta deve ter a sua própria técnica para tentar dizer do indizível.
Uma voz que, nele, e através dele, possa aceder à inquietude da
procura, ao espaço da Graça que só Deus tem, mesmo que Deus não exista. E se, dia
a dia, todos os dias, trabalhares a palavra, a poesia acontecerá, esse
imprevisto de há muito procurado, a fé que acontece por tanto haveres rezado.
A íntima revolta de quem vive a aventura num sítio que
tenha lugar, dum tempo que seja viver. Este poder-ser que é sempre um
dever-ser, o poder-ser que é, do ir-para sem chegar, onde vencer é o não-vencer que
permite o regressar.
Há sempre um fim que vem depois do fim, para quem não
quer perder a missão de procurar e prefere
a resistência das coisas que serão futuro.