Os sonhos partiram

 

Os sonhos partiram, 

mas meu corpo ficou 

a ver largar mar dentro 

o navio que mos levou. 

Os sonhos partiram, 

e assim fiquei sozinho, 

preso na pedra 

do velho cais das despedidas.

Vencendo o mar, 

lá vão meus sonhos passageiros, 

além das nuvens e do pensar, 

como navios que não há: 

velas de bruma, 

proas de vento, 

são corpos imaginados, 

já sem tempo nem lugar.

Voando até sem voar 

já não sou vento nem bruma, 

pois nem sequer vivo no mar. 

Navegando por navegar, 

navios são nuvens que procuram 

o voo do seu próprio sonhar.