Perto,
cada vez mais perto
Porque não fui digno
de quem somos,
outrora, larguei de mim
memórias vivas
em que nos demos:
O breve desenho à pena,
a fotografia beijada,
manchas de orvalho
e as flores secas,
onde inscrevemos
letras cruzadas
de um signo
por cumprir.
Quando perto,
de tão perto,
me não perco,
é teu nome de esperança
que desperta
as brisas da primavera.
E todas as coisas que me cercam
voltam a ser criação,
veios de sangue,
redivivos,
que vão todos dar ao centro,
à praça do pensamento,
à raiz da emoção.
Perto, cada vez mais perto,
do silêncio procurado
onde me perco,
sou cada vez mais eu,
cada vez mais verbo,
feito fogo que percorre
os meandros do meu verso.
E mansas, minhas mãos deponho
nas densas brenhas
de teu corpo
mais fecundo.
e breves raios de sol
vão dando lume
à sombra onde, secretos,
nos lembramos.