Primum
vivere, deinde philosophari
Não
filosofemos as árvores nem as pedras,
nesta
rotina dos dias
que,
dia a dia,
vamos
sofrendo.
Antes
mãos secretamente livres
que
possam conter
as
canções por fazer,
mãos
de segurar lemes e cordas
mãos
que possam domar
estas
imperceptíveis vozes
que,
por dentro, nos dão norte.
Viver
é escrever
e
descrever-me,
lavrar,
no
espaço livre
desta
escritura,
o
que, além das palavras,
me
apetece relembrar.
As
mãos semeando sonhos
nos
longos pousios do silêncio,
as
muitas palavras vivas
assim
postas em segredo
e
as longas leiras de versos
que
vão seguindo a criação.
Entre
o ser e o não-ser,
pelos
trilhos do silêncio,
quando
a noite não é noite
nem
é dia,
ser
é escrever-me,
domar
quem sou,
nesta
incerta descoberta
do
voo que procuro
depois
da espera.