Quando formos quem sempre fomos

 

 

Quando sozinhos,

clandestinos,

num qualquer recanto,

apenas nosso.

Quando formos

quem sempre fomos,

de corpos dados,

os dois em flor,

namorados,

de amor, rememorados.

Nesta espera, feita futuro,

o prometido presente

que regressa,

no ânimo de corpos

que não esquecem.

Nem que seja uma só hora,

um só momento,

no espaço necessário

de um acaso.

Nesse tempo que tem de ser,

quando o tempo que tivermos

for, de novo, nosso tempo.

Quando, serena, a paisagem

nos der passagem

e as palavras recobrarem

a força das nascentes,

águas vivas,

olhos marinhos,

sítios de areia fina.

Quando voltar a esperança

das coisas prometidas

e as mãos disserem

as palavras reprimidas.