As longas praias do poente

 

O barulho da onda no rumor do pinhal
e um trilho de terra batida
que nos leva não sei onde.
As longas praias do poente.

Um horizonte sem fim
que a retina não concentra.
e um tempo imenso, inteiro,
todo o mundo à nossa beira.
Não há métrica que o meça
nem rima que o detenha.

E lá vamos deambulando
pelo começo da noite.

A areia lenta, a duna,
o vento, a erva, um pio de gaivota,
um insecto que rasteja, seco,
e um resto de tábua calcinada.

 

244, Na rudeza crua, Pátria prometida, p. 56.2