Dai-me, senhor do tempo

O poema brotou do sonho como água nas fontes da montanha

e palavras andorinhas vieram fazer ninho nos beirais do pensamento. Um rio de sangue desaguou no mar do sentimento

e, secreto, fui percorrendo teu corpo de jovem mulher. Nascentes de fogo, silêncios de marfim e um corpo de veludo proibido.

 

Que venha o vegetal sossego

de uma floresta sem vento.

E, no rumor do arvoredo,

o corpo segredo de um jovem mulher

Todas as leiras do tempo

se o meu tempo quiser

e eu souber acreditar.

 

 

 

246, Dai-me, senhor do tempo, in Pátria prometida, p. 56 (9.5.75)