Ser por ter de ser não serve para quem do
destino mais profundamente sente o mistério da semente.
O Porto da minha infância
cidade que me deu cidade
Desse Porto não lembro chuva,
nem plúmbeos cinzentos, nem húmidos frios,
mas apenas o sol nas vidraças das casa.
e a velha ponte negra
donde se avistavam nesgas de mar
Nesse Porto ainda havia
putos do anikibóbó
e vapores na Ribeira,
quando meu pai era novo
e ao domingo comigo passeava
pelos jardins da cidade.
Desse Porto recordo sobretudo
a casa de larga varanda rasgada
na curva da Rua das Taipas,
onde subalugas vivíamos
eu, meu pai e minha mãe
à espera da minha irmã.
Felizmente havia um vizinho
que era criador de passarinhos
e me dava quintal para eu brincar
Ah! Esse Porto que me deu cidade,
montras e luzes de natal.