Dois corpos, uma conversa

Dentro de mim, no mais segredo de quem sou, há coisas que a ninguém confesso, palavras prometidas, sinais de vida, viagens que só nós sabemos. Há sítios de apetecer ficar. Paisagens que apenas corpos em flor podem cumprir. Há palavras que são fidelidade. Paisagens que a mais ninguém revelo. Há coisas que só nós sabemos:
datas, sítios, sinais, pequenas cumplicidades
que vêm do fundo do tempo e nos fundem num mais além que nos dá projecto. Esse qualquer coisa que nos dá eternidade. Essa fonte de águas vivas que nos dá signo. Há certas rotas por cumprir, certas palavras por dizer. Palavras secretas, rituais, palavras que ninguém mais pode sentir.




No cimo da serra, à beira da gruta,
na frescura do Verão,
dois corpos, uma conversa.

O sabor dos lábios
dando sossego aos corpos.

A luz, a sombra
e o segredo das viagens
que ainda não fizemos.