Peregrinar teu corpo

No teu colo me acolho, me recolho, colhendo o calor de teu corpo. Em teu colo quente, já me deito. Em teu colo me deponho, denso.
Deixar sonhar que não somos proibidos, deixa viver o sonho de abraçar quem és. Deixa-me ser, mais uma vez.
Deitados na caruma de um campo de primavera,
corpos dados, olhos fechados,
peregrinar teu corpo, viver meu sonho,
as mãos nas mãos, rememorando
poemas que apetecem rescrever.

Teu corpo de noiva prometida, teu corpo vivo de mulher. A noite serena nos aconchega e na curva do teu ventre, apetece adormecer, suspender quem sou, para poder voltar a ser. Deixa-me ser, mais uma vez.



Deixa sonhar que não somos proibidos,
deixa viver o sonho de viver.
Corpos dados, olhos fechados,
meus braços vão abraçando
o corpo vivo de quem és,
com a suavidade dos poemas
que apetecem rescrever.

As mãos nas mãos, rememorando
poemas que apetecem rescrever.

Celebrar teu corpo, soletrar teu nome
e em surdina dizer amor.

Na curva do teu ventre,
no teu colo quente de mulher,
deixa-me ser,
deixa-me ser, mais uma vez.


Com a suavidade dos poemas
que apetecem rescrever,
deixa sonhar que não somos proibidos.
Deixa viver o sonho
de abraçar quem és.



Corpos dados, olhos fechados,
as mãos nas mãos, enamorados.

Peregrinar teu corpo sempre,
como da primeira vez em que nos demos:
as mesmas carícias doutra maneira,
as mesmas palavras noutro poema.

A noite serena nos aconchega
e na curva do teu ventre
apetece adormecer,
suspender quem sou
para poder ser, mais uma vez.