Quando me encontro, logo me perco

Esse espaço da memória onde guardamos o silêncio dos dias, as verdades caladas a que somos fiéis e pelas quais damos quem somos. Nessa terra de ninguém que vai de nós ao pensamento, as ânsias que prossigo, dia a dia. Nessa terra de fronteira entre o agora e a memória, uma palavra me prende ao poema por fazer. Sempre a distância de não chegar ao cimo da montanha proibida, de galgar as fronteiras que nos separam.





À procura de quem sou,
vou ao fundo de quem fui
rebuscando quem serei.
Nessa terra de ninguém
entre o agora e a memória.

Quando me encontro
logo me perco.

Já não sei quem fui,
já não sei quem sou.
Nos outros me confundo,
me difundo,
porque só com os outros serei.

Sou, mas meu ser não sei
de tão fundo que vou subindo.
Quanto mais fundo,
mais além ainda.