No templo do arvoredo
Profanei o silêncio dos pinhais
à procura de sossego
e, no templo do arvoredo, adormeci,
ouvindo os ramos de vento
murmurarem em surdina
orações ao firmamento.
Não sei meu amor se é medo
este rumor que remexe
os ramos do arvoredo.
Talvez o medo de não sermos
que entorpece
meus braços, outrora firmes.
Eu sei, meu amor, é o remorso
que enfraquece a coragem,
são as lágrimas profundas
que no sonho se perderam.
É a recordação de um tempo
em que não havia pecado
e o suave azul acalmava
todos os impulsos de raiva
que da minha sede nasciam.
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Os ramos do vento vão murmurando orações ao firmamento. Um breve rumor remexe o templo do arvoredo. Talvez o medo de não sermos. O remorso, a recordação de um tempo em que não havia pecado e o suave azul acalmava todos os impulsos de raiva que da minha sede nasciam.
245, Não sei meu amor se é medo (ep.), Pátria prometida, p. 56.2