PARTIDO E REPARTIDO
Uma palavra só me prende
ao poema que há-de ser,
sempre essa terra de fronteira
entre o agora e a memória

Parto de mim mesmo em cada instante
e, assim, partido e repartido,
pelas coisas que me circundam,
nem sequer dou conta
do senso que pode não ter
este fingir que consigo
a minha própria procura.

Quanto cansa descobrir
o tempo que em vão perdemos
a pensar como vivemos.
Sempre a dor de não sermos,
de não determos,
no fogo do tempo que passa,
o fulgor do sentimento.