PEREGRINAR A MEMORIA
Entre a palavra e a pedra,
a viagem do meu poema,
como nuvem peregrina
boiando sobre a manhã.

Peregrinar a memória
e, de meu corpo desterrado,
seguir em frente
pelo ventre do mistério.

Há fumos que vêm
do próprio centro do mundo,
esse aquém que é mais além
onde pedra e fogo
pelo magma se misturam.

Há vozes que vêm
do fundo do tempo,
do mais profundo
do ventre de minha mãe.

Entontecem-nos de bruma
entretecem-nos de sonho
e nas asas do símbolo
sonâmbulos viajamos.