Respublica     Repertório Português de Ciência Política         Edição electrónica 2004

||Home

ANO:1844


SUMÁRIO:
Destaques Cronologia Acontecimentos Bibliografia Personalidades Livros do Ano Falecimentos e Nascimentos

I – DESTAQUES

PORTUGALMUNDO

Política

· Adiamento das cortes (Maio)

· Concessão de bill de indemnidade ao governo (Setembro)

·

·

·

·

Ideias

·

·

· Marx, aparece com os Manuscritos de 1844. Foi apenas em 1932 que foram publicados, na sua versão alemã original, os Manuscritos de Economia Política e de Filosofia que Lenine ignorara.

Engels Contacta com Marx em Paris, no ano de 1844, começando os dois numa colaboração que dura até 1883, ano da morte de Marx

·

 

II – CRONOLOGIA

NACIONAL

· Maio

17 As Cortes são adiadas por 130 dias, até 30 de Setembro de 1844.

· Junho

27 António Bernardo da Costa Cabral na justiça, até 3 de Maio de 1845

· Setembro

30 As Cortes concedem bill de indemnidade ao governo.

· Outubro

- Várias câmaras municipais pedem a dissolução do governo. São todas demitidas

· Novembro

- Volta a debater-se na Câmara dos Pares a questão da proibição das sociedades secretas.

· Dezembro

- Silva Carvalho e Rodrigo da Fonseca convidam Palmela para chefe da oposição.

· Ainda em 1844...

INTERNACIONAL

·

· Ainda em 1844...

- Ramón María Narvaez, partidário da regente Maria Cristina, opositor de Espartero, em 1840. Assume a chefia do governo de 1844 a 1846 e leva à queda da rainha Isabel. Com ele sobe ao poder o grupo moderado, de onde viria a surgir a facção direitista de Cánovas del Castillo.

III - ACONTECIMENTOS DO ANO

Anti-racionalismo conservador Os conservadores, nascidos da luta contra os modelos do Iluminismo e da Revolução Francesa, reagiram contra o entendimento racionalista desta. Com efeito, a Revolução Francesa, na senda o anterior racionalismo que pretendia levar a cabo uma empresa de matematização do universo físico, visando cumprir o programa de Descarte do homem como dono e senhor da natureza, tentou, através do conceito de revolução, transformar o homem em dono e senhor da sociedade, como salienta André Glucksmann. Neste sentido, o cientismo, enquanto tentativa de colocar as ciências moriais ou as ciências humanas nos carrilhos metodol´gicos das ciências físicas ou ciências da natureza, é uma consequência da Revolução Francesa. Contra este modelo ergueu-se o conservadorismo, invocando o realismo contra o racionalismo. Disraelli chegou mesmo a proclamar, em 1844: não devemos à razão do Homem nenhuma das grandes conquistas que constituem os marcos da acção e do progresso humanos. Não foi a Razão que fez o cerco a Tróia; não foi a Razão que lançou os serracenos do deserto na conquista do mundo, nem quem inspirou as Cruzadas, nem que instituiu as ordens monásticas; nem quem fez nascer os jesuítas; sobretudo, não foi a razão que produziu a Revolução Francesa. O Homem só é verdadeiramente grande quando actua movido pelas paixões; só é irresistível quando apela para a imaginação.

IV – BIBLIOGRAFIA

AUTORES

OBRAS

???

Novo Código de Direito Público, (1789) (publ. em Coimbra, 1844).

BLUNTSCHLI

Psychologische Studien uber Staat un Kirche

DISRAELLI

Coningsb

FERREIRA, Silvestre Pinheiro

Questões de Direito Público e Administrativo, Filosofia e Literatura, Lisboa, Typ. Lusitana, 1844;

KIERKEGAARD

O Conceito de Angústia

LACERDA, José Maria

A. B. da Costa Cabral. Apontamentos Históricos

Lisboa, 1844-1845, em dois volumes.

MARX, Karl

- A questão judaica

- Manuscritos

PAIVA, Vicente Ferrer de Neto

Elementos de Direito Natural ou de Philosophia do Direito

ROCHA, Coelho da

Instituições de Direito Civil Portuguez

SARAIVA, Ribeiro

Cartas Conspiradoras

STIRNER

Der Einzige und sein Eigenstuhm

V - PERSONALIDADES DO ANO

Stirner, Max 1806-1873 Pseudónimo de Johann Kaspar Schmidt. A partir de 1839 passa a professor de um colégio de raparigas. Começa como hegeliano de esquerda e acaba por assumir-se como um anarquista libertário, marcado por um individualismo radical que, ao contrário do anarquismo de Proudhon, rejeita o Estado. Invoca o cocneito de alienação, desenvolvido por Feuerbach e é fortemente influenciado pelo seu amigo Bauer.. Considera o homem como o único (Einzige) que não pode ser propriedade de ninguém, nomeadamente do Estado, mesmo que seja liberal e critica frontalmente este modelo de Estado que conduz à escravidão do eu. Considera que o Homem feito para ser proprietário de todas as coisas não pode ser possuído por ninguém, propondo que a sociedade seja fundada no egoísmo, no culto de um eu soberano, propondo a constituição de uma associação de egoístas, todos eles soberanos.

· Der Einzige und sein Eigenstuhm

1844. Cfr. trad. fr. L’Unique et sa Proprieté, Lausanne, éditions l’âge de l'Homme, 1988).

· Kleinere Schriften

Escritos editados em 1888 por John Henry Mackay (cfr. a trad. port. Textos Dispersos, Lisboa, Via Editora, 1979, com apresentação de J. Bragança Miranda, onde se incluem, entre outros os artigos O Falso Princípio da nossa Educação, de 1842, e Algumas Observações Provisórias Respeitantes ao Estado Fundado no Amor, de 1844)

Saraiva de Morais Figueiredo, António Ribeiro (1800-1890) Nasce em Sernancelhe. Formado em Direito. Diplomata ao serviço de D. Miguel. Depois de 1834 exila-se em Londres, de onde chefia a causa miguelista. Formou-se em leis em Coimbra (1816-1821). Redige em 1835 O Contrabandista, órgão do miguelismo no exílio, a partir de Londres. Segue-se A Península, em 1840. Escreve também vários panfletos como Passado, Presente e Futuro ou Guia da Salvação Pública de Portugal, de 1835, e Quid Faciendum? Considerações Offerecidas aos Partidos Portuguezes, ao Presente Colligados para o Bem Nacional. Por um Legitimista Constitucional, 1842. Autor de Diário (1831-1845), 2 vols, Lisboa, 1915-1917. SARAIVA, António Ribeiro –Legitimidade, 55, 350. num texto de 1842, considerava que a legitimidade para os realistas era "a legitimidade nas coisas, nas instituições de um Estado, nos grandes contratos sociais e nacionais, nos interesses públicos e direitos criados, enfim, na observância das condições da socieade", até pelo facto de ser "o único princípio salutar que pode garantir a paz, a justiça, atranquilidade e a boa ordem nos Estados"

· Cartas Conspiradoras

Londres, 1844.

· "Diário" de António Ribeiro Saraiva

Lisboa, 2 vols., 1915 - 1917.

 

 

VI - LIVROS DO ANO

Der Einzige und sein Eigenstuhm, 1844 Max Stirner assume-se como um anarquista libertário, marcado por um individualismo radical que, ao contrário do anarquismo de Proudhon, rejeita o Estado. Considera o homem como o único (Einzige) que não pode ser propriedade de ninguém, nomeadamente do Estado, mesmo que seja liberal. Critica frontalemente este modelo de Estado que conduz à escravidão do eu. Considera que o Homem feito para ser proprietário de todas as coisas não pode ser possuído por ninguém. propõe que a sociedade seja fundada no egoísmo, no culto de um eu soberano, propondo a constituição de uma associação de egoístas, todos eles soberanos. Considera que a Revolução Francesa substituiu a monarquia limitada por corpos intermediários por uma monarquia absoluta que sujeita directamente o indivíduo à lei. Em nome dos interesses da nação triunfaram apenas os interesses da burguesia. Surge um Estado entendido como totalidade, detentor de um poder que se pretende justificado. propõe que se faça guerra a qualquer espécie de Estado, salientando que a liberdade reclamada pelo liberalismo não passa da máscara de uma nova dominação. Distanciando-se de Hegel e dos neo-hegelianos como Feuerbach e Bauer, considera que a ideia, a consciência ou a espécie não passam de alienaçãoes oriundas da teologia tradicional. Observa que a burguesa elevou o dinheiro à categoria de Deus, desenvolvendo o lucro em vez do uso . e que a concorrência, em vez de melhorar as coisa, apenas as pretende tornar mais lucrativas (cfr. trad. fr. L’Unique et sa Proprieté, Lausanne, éditions l’âge de l'Homme, 1988).

VII - FALECIMENTOS E NASCIMENTOS

FALECIMENTOS

NASCIMENTOS

ANGOULêME, Duque de 1775-1844

ANDRADE, D. G. Lara de m. 1844

BERNADOTTE, Jean-Baptiste Jules (1763-1844)

HUGO, Gustav (1764-1844)

LOBO, Frei Francisco Alexandre (1763-1844)

SãO BOAVENTURA, Frei Fortunato de

(m. 1844)

ANDRADE, Anselmo José Franco de Assis de (1844-1928)

BURGESS, JOHN William (1844-1931)

CORDEIRO, Luciano (1844-1900)

DROZ, Numa (1844-1899)

DRUMONT, édouard Adolphe (1844-1917)

ESPINAS, Alfred (1844-1922)

LOPES PRAçA, José Joaquim (1844-)

NAVARRO, Emídio Júlio (1844-1905)

NIETZSCHE, FRIEDRICH Wilhelm (1844-1900)

TAVARES DE MEDEIROS, João Jacinto (1844-1903)

RATZEL, Friedrich (1844-1904)

TKAKTCHEV, Piotr (1844-1885)


Image
© José Adelino Maltez. Todos os direitos reservados. Cópias autorizadas, desde que indicada a proveniência: Página profissional de José Adelino Maltez ( http://maltez.info). Última revisão em: 01-05-2009 © José Adelino Maltez. Todos os direitos reservados. Cópias autorizadas, desde que indicada a proveniência: Página profissional de José Adelino Maltez ( http://maltez.info). Última revisão em: 01-05-2009