Respublica Repertório Português de Ciência Política Edição electrónica 2004 |
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ANO:1939
Destaques | Cronologia | Acontecimentos | Bibliografia | Personalidades | Livros do Ano | Falecimentos e Nascimentos |
PORTUGAL | MUNDO | |
Política |
· PCP corta relações com a Internacional Comunista (Janeiro) · Pacto Ibérico (Março) · Instituídos os Grémios da Lavoura (Março) · Recusa de adesão ao Pacto-Antikomintern (Abril) · Neutralidade portuguesa no conflito europeu (Setembro) · Lançamento do modelo da economia de guerra (Setembro) |
· Nova Papa: Pio XII (Março) · XVIII Congresso do Partido Comunista Soviético (Março) · Declaração de independência da Eslováquia (Março) · Termina a Guerra Civil Espanhola (Abril) · Itália invade a Albânia (Abril) Pacto do Aço (Maio) · Pacto germano-Soviético (Agosto) · Começa a Segunda Guerra Mundial (Setembro) |
Ideias |
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NACIONAL |
· Janeiro - PCP corta relações com a Internacional Comunista durante dois anos |
· Fevereiro 26 Manifestação no Terreiro do Paço. Sindicatos e Casas do Povo homenageiam Salazar, que agradece com o discurso Revolução Corporativa |
· Março 17 Pacto Ibérico assinado em Lisboa com um representante da Junta de Burgos. Tratado de amizade e não agressão entre Portugal e Espanha 22 Decreto de Rafael Duque regula a constituição de Grémios e Casas da Lavoura 29 Manifestação em Lisboa pela vitória de Franco |
· Abril 14 Recusa de adesão ao Pacto-Antikomintern .Portugal recusa aderir ao Pacto Anti-Komintern formado pela Alemanha, Itália, Espanha e Japão, tendo em vista a destruição da ameaça comunista. Convite formulado pelo embaixador italiano em Lisboa |
· Maio 8 Inaugurado pavilhão português na Exposição Internacional de Nova Iorque. António Ferro, comissário português 19 Desfile da vitória em Madrid. Participam os nossos viriatos 22 Discurso de Salazar na Assembleia Nacional sobre a crise política e a situação externa de Portugal. 28 Parada legionária em Lisboa. Condecorados oa capitães Botelho Moniz, David Neto e Mário Pessoa. Salazar profere o discurso A Legião, expressão da consciência moral da nação. Termina o I Congresso da MP |
· Junho 8 Viriatos regressam a Lisboa 16 Carmona parte para áfrica. Chega a Lourenço Marques a 17 de Julho. Visita Pretória em 14 de Agosto. Chega a Lunada em 27 de Agosto. Regressa a Lisboa em 12 de Setembro. Grande manifestação no Terreiro do Paço. |
· Julho 13 Criada a Junta Nacional dos Produtos Pecuários |
· Agosto 17 Apoio militar britânico a Portugal. Reino Unido aceita apoiar o rearmamento de Portugal. Cumprimento integral do programa apenas em Setembro de 1943 |
· Setembro 1 Começo da guerra. Começa a II Guerra Mundial. Nota oficiosa do governo anuncia Neutralidade portuguesa no conflito europeu 7 Economia de guerra. Decreto nº 29 904 atribui poderes especiais para o governo intervir em matérias económicas 8 Criado o Grémio dos Retalhistas de Mercearia |
· Outubro 9 Mensagem de Carmona à Assembleia Nacional sobre a visita a áfrica. Discurso de Salazar sobre a guerra europeia 10 Crimes económicos. Agravamento das penalidades para crimes de especulação e de açambarcamento |
· Novembro 1 Criada a Comissão reguladora do comércio de carvões 3 Comissão reguladora das oleaginosas e óleos vegetais 15 Nota oficiosa declara que o escudo se desliga da libra 23 Metais. Comissão reguladora do comércio de metais |
· Dezembro 14 Economia de guerra. Decreto-lei nº30 137 sobre a fixação de preços e a fixação de quotas de distribuição de certos produtos essenciais |
· Ainda em 1939... - António Sérgio abandona a Seara Nova em divergência com Luís da Câmara Reis |
INTERNACIONAL |
· Janeiro 26 Franco conquista Barcelona. |
· Fevereiro 5 a 9 Exército republicano espanhol retira para França 22 A França reconhece o governo de Franco |
· Março 2 Pétain nomeado embaixador - No mesmo dia, novo Papa. Eleição de Pio XII 10 a 21 XVIII Congresso do Partido Comunista Soviético. Estaline anuncia a passagem ao comunismo. Realizado depois da Guerra Civil de Espanha. Sob a palavra de ordem manter a prudência, assume-se o propósito de não permitir aos provocadores da guerra que arrastem a URSS para um conflito. Chega a dizer: a função da repressão no interior do país tornou-se supérflua e desapareceu, pois, uma vez que a exploração foi suprimida e os exploradores já não existem, não há mais ninguém a reprimir. Acrescenta mesmo: não se pode dizer que a depuração tenha sido feita sem defeitos graves. Infelizmente os erros foram mais numerosos do que poderíamos supor. Não há dúvida de que não teremos de empregar mais o método da depuração maciça. Dos 1827 delegados presentes a esse XVIII Congresso, somente 35 tinham estado presentes no anterior. 14 Declaração de independência da Eslováquia 28 Franco conquista Madrid 31 Declaração anglo-francesa sobre a independência da Polónia |
· Abril 1 Fim da guerra civil de Espanha, iniciada em 1936, com vitória dos nacionalistas de Franco. - França e Inglaterra iniciam conversações com a URSS 7 Itália invade a Albânia 17 Começam conversações entre a URSS e o Reich |
· Maio 3 Litvinov é substituído por Molotov como responsável pelos Negócios Estrangeiros soviéticos 19 Convenção militar franco-polaca 22 Pacto do Aço. Aliança militar entre a Alemanha nazi e a Itália fascista, também dita Pacto Germano-Italiano, que termina em 1943. Transforma-se na Aliança Tripartida, quando se estende ao Japão. Tem como base o chamado eixo, a aliança ideológica entre o fascismo e o nazismo, surgido em 1936, a partir de uma metáfora inventada por Mussolini. |
· Julho 22 Denúncia das purgas. Feodor Raskolnikov (1892-1939), um velho bolchevique que exercia as funções de embaixador na Bulgária, em carta aberta: Como fui declarado Inimigo do Povo, emitida de Nice, para onde se exilara. - Até Setembro, Conflito entre soviéticos e japoneses na Mongólia. Teria sido, segundo alguns analistas, a maior batalha de tanques da história até então. Os soviéticos foram então conduzidos pelo marechal G. Jukov que, entre 20 e 31 de Agosto, desencadeou uma ofensiva que fez recuar os japoneses. |
· Agosto 24 é assinado o Pacto Germano-soviético ou Ribbentrop-Molotov, assim como um secreto Protocolo Anexo que previa a demarcação das respectivas esferas de influência. 25 Hitler dá ordem para a invasão da Polónia, iniciada na madrugada do dia seguinte, mas depois suspensa |
· Setembro 1 Alemanha invade a Polónia, provocando o início do segundo conflito de escala global do Século XX 17 URSS ocupa a Polónia Oriental. 23 Primeiro protocolo secreto ao pacto germano-soviético para a partilha da Polónia e dos países bálticos 27 Rendição de Varsóvia aos alemães - URSS obtém bases militares nos Estados Bálticos através de uma série de tratados de assistência mútua; com a Estónia (28 de Setembro), com a Letónia (5 de Outubro) e a Lituânia (10 de Outubro) |
· Novembro 1 As províncias polacas orientais são integradas na URSS 30 URSS invade a Finlândia. Estaline depara com uma forte resistência, comandada pelo marechal Manherheim, ex-oficial czarista, que o leva à derrota de Suomussalmi, em 30 de Dezembro. Só em 12 de Março de 1940 é que se consegue um tratado de paz entre a URSS e a Finlândia, depois do Exército vermelho ter atingido Vyborg, em 2 de Março. - Também neste dia, estabelecido o governo polaco no exílio
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· Dezembro 14 URSS é excluída da SDN |
· Ainda em 1939... |
Pacto Germano-Soviético. O pacto foi assinado no dia 24, ao mesmo tempo que se estabelecia um Protocolo Anexo, de carácter secreto, onde alemães e soviéticos repartiam esferas de influência. Protocolo que vai, depois, ser alterado pelos acordos, também secretos, de 23 de Setembro e de 10 de Janeiro de 1941. Assim, nos termos deste pacote de acordos, a URSS ficou com a influência sobre a Finlândia, a Letónia, a Estónia, a Lituânia, a parte oriental da Polónia e a Moldávia. A Alemanha contentou-se com a partilha ocidental da mesma Polónia. Aliás, nos termos do acordo de 1941, renunciou mesmo a parcelas da Lituânia que reservara nos acordos anteriores. Era o preço que Hitler tinha de pagar para poder desencadear a invasão da Polónia, a partir de 1 de Setembro, facto com que se iniciou a Segunda Guerra Mundial. Ribbentrop chegou a Moscovo à 1 hora da manhã do dia 23 de Agosto. O Pacto foi assinado às 14 horas do dia 24, após negociações com Molotov e Estaline. Logo a seguir à cerimónia de assinatura, Estaline foi para a sua datcha de Kuntsevo, nos arredores de Moscovo, onde teve uma ceia com Voroshilov, Mikoyan, Bulganine e Khruchtchev. Este, conta promenores nas suas Memórias: Estaline terá confidenciado que Hitler quer enganar-nos, mas penso que fomos mais espertos do que ele, tendo apresentado o acordo como sendo uma espécie de jogo para ver quem enganava quem, quem conseguiria passar a perna do outro. Khruchtchev culpa a Inglaterra e a França de terem querido lançar a Alemanha contra a URSS: esperavam ver-se livres da ameaça germânica à custa do nosso sangue e dos nossos territórios, à custa das nossas riquezas. Acrescenta: a política da Polónia também não foi sensata naquela altura. Não admitiam juntar-se a nós numa guerra contra a Alemanha. No fundo, não tínhamos alternativa. Tivemos a nossa oportunidade de levantar a cabeça perante a espingarda do inimigo, uma escolha para que fomos levados pelas potências ocidentais Saliente-se que na mesma altura em que se assinava o pacto germânico-soviético ainda estavam em Moscovo delegações militares britânicas e francesas, discutindo como o Comissário do Povo para a Defesa, Voroshilov, formas de cooperação para a hipótese de um eventual ataque alemão. Uma das divergências parece ter estado no facto de não se conseguir que os polacos dessem direito de passagem às tropas soviéticas.
Começa a Segunda Guerra Mundial; Alemanha invade a Polónia. Na verdade, como já referimos, uma semana depois de se ter estabelecido o Pacto Germano-Soviético, em 24 de Agosto de 1939, começava a Segunda Guerra Mundial. Estaline tinha actuado com pleno conhecimento de causa. Com efeito, num discurso de 15 de Agosto, o supremo dirigente soviético terá considerado que se assinasse um acordo com o bloco franco-britânico, isso obrigaria Hitler a procurar um modus vivendi com as potências ocidentais; por outro lado, se optasse por uma aproximação à Alemanha, isso levaria Hitler a invadir a Polónia e a uma inevitável intervenção dos britânicos e dos franceses: nestas circunstâncias nós teremos muitas probabilidades de permanecer à margem do conflito e poderemos esperar com vantagem a nossa oportunidade. é nisto que reside o nosso interesse. Por isso a decisão é clara. Não é difícil prever as vantagens que obteremos com esta forma de proceder. é evidente que a Polónia será invadida e vencida antes que a Inglaterra e a França estejam em condições de ir em seu auxílio. Neste caso, a Alemanha cede-nos a parte da Polónia que se estende até às proximidades de Varsóvia compreendendo a Galícia ucraniana. A Alemanha deixa-nos a liberdade de acção nos três países bálticos e não se opõe ao regresso da Bessarábia ao domínio russo. Também está pronta a ceder-nos, como zona de influência a Roménia, a Bulgária e a Hungria. Se duvidamos da autenticidade da fonte que utilizámos para a obtenção deste discurso de Estaline, não duvidamos dos factos. Com efeito, como já o referimos, em 17 de Setembro de 1939, eis que a URSS invade a Polónia Oriental, para, depois, em 30 de Novembro, atacar a Finlândia e ; em Junho de 1940, ocupar a Bessarábia. Acontece apenas que os alemães também encaravam dolosamente o Pacto Molotov-Ribbentrop. Como referia Berdiaev, em 1940, as democracias pensavam segundo Aristóteles e não segundo Hegel, sobretudo, segundo Hegel revisto à maneira marxista. Além disso, conforme o mesmo autor, a URSS de Estaline possuiria o mesmo gosto pela autoridade e os métodos de governo despóticos, sem qualquer respeito pela dignidade do indivíduo. A crueldade e o terror não os foram buscar a Marx, mas a Ivan o Terrível
URSS ocupa a Polónia Oriental. Segundo a versão soviética de REVUNENKOV, História dos Tempos Actuais, a invasão soviética da Polónia oriental serviu para paralisar o avanço dos nazis a para proteger a Ucrânia e a Bielo-Rússia (p.123), dado que o Pacto Germano-Soviético teria surgido por causa de manobras da França e da Inglaterra que tentavam isolar a URSS (sic). Para este historiador dos tempos de Khruchtchev, a Inglaterra empreendia secretamente conversações com a Alemanha, às costas da União Soviética, impelindo Hitler a desfechar uma guerra contra a URSS (p. 121). Também a ocupação dos países bálticos pela URSS é explicada porque os nazis tinham iniciado acções preparatórias para apoderar-se dos países bálticos, pelo que os pactos de ajuda mútua entre a URSS e os três Estados bálticos (a Lituânia, a Letónia e a Estónia) salvaram os povos [...] da agressão hitlerista (p. 123). Aliás, não teria havido ocupação, pois os povos em causa indignados pela violação cometida pelos governos reaccionários dos mesmos Estados relativamente aos pactos de ajuda mútua com a URSS trataram de derrubar os respectivos governos, em Junho de 1940. Já a invasão da Finlândia é explicada pelo facto dos finlandeses terem ocupado a Carélia, pelo que a URSS viu-se obrigada a tomar medidas em defesa própria (p. 124). Acresce que esta atitude finlandesa teria sido instigada pela França e pela Inglaterra que preparavam um ataque à URSS através da Turquia (id.) Em toda esta literatura de justificação e de propaganda é evidente que não aparece uma única referência ao conteúdo do pacto germano-soviéticos que, aliás, mais não constituiu do que uma das tradicionais partilhas da Polónia directamente inspirada por essa alemã russificada chamada Catarina II.
AUTORES |
OBRAS |
ALAIN |
Idées. Introduction à la Philosophie. Platon, Descartes, Hegel, Comte , Paris, Hartmann, 1939 |
AMEAL, João |
História de Portugal, 1939 |
BATTAGLIA, Felice |
Scritti di Teoria dello Stato , Milão, 1939; (trad. cast. Estudios de Teoria del Estado, Madrid, 1966). |
BENJAMIN, Walter |
Thesen uber den Begriff der Geschichtliche, 1939-1940 |
BLOCH, Marc |
Societé Féodale , 1939-1940 |
CAILLOIS, Roger |
L’Homme et le Sacré , Paris, éditions Gallimard, 1939. |
COBBAN, Alfred |
Dictatorship. Its History and Theory , Nova York, 1939. |
DABIN, Jean |
Doctrine Générale de l’état , Paris, 1939. |
DABIN, Jean |
Doctrine Générale de l’état. éléments de Philosophie Politique, 1939 |
DEWEY, John |
Liberty and Culture , 1939 |
ELIAS, Norbert |
- Progress der Ziviliztion , 1939- Sociedade dos Indivíduos, 1939 - La Dynamique de l’Occident, ed. orig. 1939; (reed. Paris, éditions Calmann-Lévy, 1975). |
ELLIOT, T. S. |
Idea of Christian Society , 1939 |
GALLUP, George Horace |
Public Opinion in a Democracy, 1939 |
GILSON, étienne |
Dante et la Philosophie , 1939 |
HADOW, Anna |
Political Science in American Colleges and Universities 1636-1900 , Nova York, Appleton-Century Crofts, 1939. |
JÜNGER, Ernst |
Sobre as Falésias de Mármore, 1939; (trad. port., Lisboa, Estúdios Cor, 1973 [reed., Lisboa, Edições Vega, 1987). |
LASSWELL, Harold D. |
The Analysis of Political Behavior. An Empirical Approach , Hamden, Archon Books/Shoestring Press, 1939. |
MARITAIN, Jacques |
La Personne Humaine et la Societé , Paris, 1939. |
OAKESHOTT |
Social (The) and Political Doctrines of Contemporary Europe , Cambridge University Press, 1939 |
ORTEGA Y GASSET |
Ensimismamiento y Alteración , 1939 |
QUEIRó, Afonso Rodrigues |
«Os Fins do Estado. Um Problema de Filosofia Política», separata do Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Luís Cabral Moncada, pref., Coimbra, FDUC, 1939. |
REDOL, Alves |
Gaibéus, 1939 |
RENARD, Georges |
Philosophie de l’Institution, 1939 |
RIBEIRO, J. J. Teixeira |
Princípios e Fins do Corporativismo Português, 1939 |
SAINT-EXUPéRY |
Terre des Hommes , 1939 |
SANTOS, Delfim |
Filosofia, Da , 1939 |
SCHUMPETER |
Business Cycles , 1939 |
TABORDA, Vergílio |
Maquiavel e Antimaquiavel , Coimbra, Atlântida Editora, 1939 |
TCHAKHOTINE, Sergei |
Le Viol des Masses par la Propagande Politique, 1939; (trad. fr., éditions Gallimard, 1952). |
TORGA, Miguel |
O Quarto Dia, 1939 |
VIANNA, Francisco José de Oliveira |
As Novas Diretrizes da Política Social , Rio de Janeiro, 1939. |
VIANNA, Oliveira |
Novas Diretrizes da Política Social, 1939 |
VILHENA , Vasco de Magalhães |
Progresso. História Breve de uma Ideia , 1939 |
VILHENA, Vasco de Magalhães |
Progresso. História Breve de uma Ideia , 1939 |
WACIORSKI, J. |
Le Terrorisme Politique , Paris, éditions Pedone, 1939. |
Elias, Norbert 1897-1990 Sociólogo alemão. Estuda medicina, psiquiatria e filosofia. Discípulo de Karl Mannheim. Refugia-se em Inglaterra por ocasião do nazismo, aí se estabelecendo até aos anos sessenta. Assume-se como psicoterapeuta de grupo, até se tornar professor de sociologia em Leicester. Nos anos setenta instala-se em Amsterdão, onde funda uma espécie de academia platónica. Defensor do interaccionismo simbólico. Influencia Pierre Bourdieu e em Portugal tem reflexos nalguns escritos de Vitorino Magalhães Godinho.
· La Dynamique de l’Occident , [ed. orig. 1939, trad. do tomo II de Uber den Progress der Zivilization], Paris, éditions Calmann-Lévy, 1975. A obra global, intitulada O Processo de Civilização, foi editada na Suíça em 1939, mas teve pouca divulgação. Reedição em alemão em 1969, na Universidade de Leicester. Traduções em francês a partir de 1973, em inglês, em 1978, e em italiano em 1982. Edição portuguesa da Dom Quixote, com o título O Processo de Civilização
· La Societé des Individus , 1939, trad. fr., Paris, Fayard, 1991.
· La Societé de Cour , 1969, trad. fr., Paris, Flammarion, 1985. Obra escrita nos anos trinta, com a qual pretendia um doutoramento em Frankfurt. Trad. port. da Editorial Estampa, Sociedade de Corte.
· Qu'est ce que la sociologie , 1970, trad. fr., Paris, Ed. l'Aube, 1991. Trad. port. das Edições 70.
· La Civilization des Moeurs, trad. fr., Paris, Calmann-Lévy, 1979.
· A Condição Humana. Considerações sobre a Evolução da Humanidade, por Ocasião do Quadragésimo Aniversário do Fim de uma Guerra 8 de Maio de 1985 , [ed. orig. 1985, Humana Conditio], trad. port., Lisboa, Edições Difel, 1991.
· Teoria Simbólica , [ed. orig. 1989], trad. port., Oeiras, Celta Editora, 1994. Ver tb. trad. ingl. The Theory, Londres, Sage, 1991.
Bloch, Marc (1886-1944) Historiador francês de origens judaicas. Diplomado pela école Normale Supérieure, em 1904-1908. Combatente condecorado por feitos em combate na Grande Guerra de 1914-1918. Professor da Universidade de Estrasburgo entre 1919 e 1936. Fundador da escola dos Annales d’Histoire économique et Sociale, em 1929, juntamente com Lucien Febvre. Em 1936 passa para a Sorbonne. Ainda volta a alitar-se como combatente em 1939. Salienta a Europa feudal não foi totalmente feudalizada no mesmo grau nem segundo o mesmo ritmo e, especialmente, que em parte alguma o foi completamente. Em nenhum país, a população rural caiu totalmente nas malhas duma dependência pessoal e hereditária. Quase por toda a parte - ainda que em número extremamente variável, conforme as regiões - subsistiram terras alodiais, grandes ou pequenas. A noção de estado nunca desapareceu absolutamente e, onde conservou mais vigor, houve homens que teimaram em chamar-se 'livres', no sentido antigo da palavra, porque dependiam apenas do chefe do povo ou dos seus representantes. Observa também que as ideias que expõem correntemente os publicistas realistas dos séculos XVI e XVII parecem por vezes banais a quem percorreu a literatura dos períodos precedentes...não convem levar muito a sério a ruptura tradicional que,na sequência dos humanistas, nós normalmente consideramos na Europa por volta do ano de 1500. A chamada resconstituição dos Estados, na, segunda idade feudal, constituiu um fenómeno comum em todo o Ocidente, apesar de poderem ser enumerados três tipos de Estado: a monarquia nova dos Capetos; a monarquia arcaizante da Alemanha; e a monarquia anglo-normanda, produzida por feitos de conquista e sobrevivências germânicas.
· Les Rois Thaumaturges. étude sur le Caracter Surnaturel attribué à la Puissance Royale particulièrement en France et en Angleterre , z[1ª ed., Estrasburgo, 1924], Paris, éditions Gallimard, 1983.
· Les Caractères Originaux de l’Histoire Rurale Française, 1931.,
· La Societé Féodale, 1939-1940. Cfr. Trad. Port. A Sociedade Feudal, Lisboa, Edições 70, 1979.
· L’étrange Défaite. Témoignage, Obra escrita em 1940 e publicada postumamente em 1946.
Dabin, Jean Considera que "a ciência política não pode deixar de ser a ciência do Estado ... e de tudo o que concerne ao Estado. Tal era o objecto da política na Antiguidade... Não há razão para que, esde Platão, Aristóteles e Cícero, o objecto desta ciência tenha desaparecido".
· 1939, Doctrine Générale de l’état. éléments de Philosophie Politique, Bruxelas/ Paris, émile Bruylant/Sirey, 1939.
· 1957, L’état ou le Politique. Essai de Définition, Paris, éditions Sirey, 1957.
· 1954, «Sur la Science Politique», In Revue de Droit Public et de la Science Politique, Paris, 1954.
Politzer, Georges (1903-1942) Filósofo marxista francês. Fuzilado pelos nazis. Em 1939, em Nation, Race, Peuple, considera que o internacionalismo da classe operária não é contra a Nação, porque a humanidade é solidária com a liberdade de cada povo. Só o internacionalismo capitalista nega a nação. Do mesmo modo, assinala que há nacionalismos contra a nação, como no caso do fascismo. Insere-se na linha do nacionalismo antifascista do PCF, assumida por Maurice Thorez em 1936 e por Henri Lefebvre em 1937.
· Principes Elementaires de Philosophie; publicados em 1946. Um curso de marxismo proferido na chamada Universidade Operária.
Sociedade (A) dos Indivíduos, 1939 Obra de Norbert Elias, segundo a qual a sociedade e as suas leis não são nada fora dos indivíduos; a sociedade não é apenas um simples objecto face aos indivíduos isolados; ela é o que cada indivíduo designa quando diz nós. Não há assim uma oposição entre o eu e o nós, dado que entre os dois surgem sucessivas trocas. Não é correcto dizer-se que tudo depende dos indivíduos nem que tudo depende da sociedade. Nem mesmo o maior dos autocratas domina totalmente o sistema político. Contudo, o sistema também não é uma espécie de ser colectivo maquinal ou mecânico que obedeça a uma lógica errática. Há uma interacção generalizada de indivíduos que calculam, adaptando-se ou revoltando-se a partir de esquemas psico-sociais que têm de interiorizar: mesmo para os homens que temos o costume de considerar comos as mais ilustres personagens históricas, outros homens com os seus produtos, os seus actos, os seus pensamentos e a sua linguagem constituíram o medium a partir do qual eles actuaram. Neste sentido, conclui, assinalando que não pode, pois, aceitar-se o dualismo indivíduo/sociedade ou voluntarismo/fatalismo. |
& Dinâmica do Ocidente, 1939. Obra de Norbert Elias onde se considera a racionalização e a psicologicização como duas tendências de longo prazo da civilização ocidental. A sociedade do monopólio da violência, incarnadas especialmente nas gandes cortes dos príncipes e dos reis, são sociedades onde há uma grande divisão de funções, onde as cadeias de acção são longas e onde são marcantes as interdependências funcionais dos diversos indivíduos. Nestas sociedades, as formas de violência física foram abolidas, substituindo-se as mesmas pelos jogos da Corte, formas subtis de rivalidade e de competição visando a obtenção do favor do Príncipe. Estas formas marcaram os actuais ritmos de competição política, mesmo depois da abolição do ancien régime, dada a circulação de modelos, com a cópia de atitudes e comportamentos dos cortesãos por novos grupos sociais. Eufemizou-se ao máximo a violência física, substituindo-se esta pelo espectáculo das rivalidades de partidos e de pessoas, com o afrontamento de ideias e o antagonismo de projectos. A emergência das sociedades contemporâneas tem como pilar esta substituição da violência física exterior por um auto-constrangimento, largamente aceite, pelo que se torna possível o controlo de pessoas e de povos sem o recurso à violência física, levando, por exemplo, à aceitação como normal do acto de obediência às leis editadas. As infracções individuais a essas leis são, aliás, consideradas como ilegítimas pela maioria das pessoas. Gera-se assim uma espécie de automatismo dos auto-constrangimentos. |
VII - FALECIMENTOS E NASCIMENTOS
FALECIMENTOS |
NASCIMENTOS |
ALMEIDA, Artur Duarte da Luz (1867-1939) BARRETO, António Xavier Correia (1853-1939) BINDER, Julius (1870-1939) CABRAL, Luís Gonzaga (1866-1939) FREUD, Sigmund (1856-1939) GOMES, António Paiva (1878-1939) HÄGERSTRÖM, Axel (1868-1939) KAUTSKY, Karl (1854-1939) LéVY-BRUHL, Lucien (1857-1939) LUCAS, António dos Santos (1866-1939) MARTINS, Joaquim Pedro (1875-1939) |
CARVALHO, José Murilo de (n. 1939) GOMES, Jesué Pinharanda (n. 1939) MACHAN, Tibor R. (n. 1939) SILVA, Vítor Manuel Aguiar e (n. 1939) |