Respublica Repertório Português de Ciência Política
Edição electrónica 2004
Abstenção Eleitoral
Do latim abstinere,
abster, suprimir, privar-se de, evitar. A expressão começa por ser apenas
usada no direito privado, como renúncia ou não-exercício de um direito ou
obrigação, nomeadamente a uma herança. Passa
depois para a linguagem política, querendo significar a renúncia ao exercício
de direitos políticos, nomeadamente o facto de um eleitor não ir à s urnas.
Segundo a tese de Alain Lancelot, os abstencionistas exercem quase sempre papéis sociais subordinados, indíviduos mal integrados, correndo-se o risco das
eleições se transformarem num debate entre privilegiados. para além do
abstencionismo eleitoral resultante de uma má inserção social, há também um
abstencionismo de pessoas interessadas na política, informadas e atentas, mas
que recusam escolher nas condições da oferta eleitoral que lhe apresentam, dado
que o leque dos candidatos não lhe permitem a possibilidade de expressão
adequada das respectivas preferências. Os abstencionistas não constituem assim
uma população à parte e não coincidem com a cidadania passiva, havendo
constantes trocas de informação entre votantes e abstencionistas.
1
·Alain
Lancelot e Jean Meynaud, L’Abstentionnisme
Électoral en France, Paris, Librairie Armand Colin, 1968. ·
F. Subileau e M.-F. Toinet, Les Chemins de l’Abstention. Une
Comparaison Franco-Américaine, Paris, Éditions La Découverte, 1993.
Abstencionismo Não participação no sufrágio ou não participação em
actividades políticas. O mesmo que apatia ou indiferença.