Respublica Repertório Português de Ciência Política
Edição electrónica 2004
Acção Social
Weber enumera
quatro tipos de acção social, correspondentes a um certo tipo de Herrschaft: a tradicional, a emocional ou
afectiva, a racional referente a fins e a racional referente a valores.
Acção Tradicional
Em
primeiro lugar, Weber refere a acção
tradicional, considerada como uma conduta mecânica na qual o indivíduo
obedece inconscientemente a valores considerados evidentes e que daria origem à
chamada legitimidade tradicional, onde emergem os fiéis como seria timbre do patriarcalismo, da gerontocracia, do
patrimonialismo e do sultanismo. Ela seria baseada na crença quotidiana na santidade das
tradições vigentes desde sempre e na legitimidade daqueles que, em virtude
dessas tradições, representam a autoridade.
Acção emocional ou afectiva
Segundo Max Weber é marcada pelo instinto e pela emoção, onde há
confiança total no valor pessoal de um homem e no seu destino, uma acção fundada
na santidade, no heroísmo e na infalibilidade, onde seria marcante a
legitimidade carismática. De um lado, o chefe, o profeta, o herói ou o demagogo;
do outro, os adeptos ou os leais, os
discípulos ou seguidores. A mesma seria baseada na
veneração extraquotidiana da santidade, do poder heróico ou do carácter exemplar
de uma pessoa e das ordens por esta reveladas ou criadas .
Tudo depende do carisma, isto é, de uma qualidade pessoal considerada extra-quotidiana (...) e
em virtude da qual se atribuem a uma pessoa poderes ou qualidades sobrenaturais,
sobre-humanos ou, pelo menos, extra-quotidianos específicos ou então se a toma
como enviada por Deus, como exemplar e, portanto, como líder. Contudo, o mesmo Weber
salienta que uma das formas de legitimidade carismática aparece na democracia
de líderes, com um demagogo a aproveitar-se da democracia plebiscitária, surgindo uma legitimidade
carismática oculta sob a forma de uma legitimidade que deriva da vontade dos
governados.
Acção
racional referente a fins (zweckrational),
onde os indivíduos são capazes tanto de definir objectivos como de avaliar os
meios mais adequados para a realização desses objectivos, uma acção social
marcada pela moral
de responsabilidade,
onde o valor predominante seria a competência.
Aqui já nos situaríamos no campo do Estado racional-normativo ou do Estado-razão,
onde domina a acção burocrática, aquela que faz nascer o poder
burocrático, o poder especializado na elaboração do formalismo legal e na
conservação da lei escrita e dos seus regulamentos, onde dominam a publicização,
a legalização e a burocracia.
Acção racional referente a valores
(wertrational),
a racionalidade em valor, onde os indivíduos se inspiram na convicção e não
encaram as consequências previsíveis dos seus actos. Seria uma forma de
actividade polítitica inspirada por sistemas de valores universalistas, onde o
agente actua de acordo com a moral de convicção, vivendo como pensa sem pensar como
vive, em nome da honra, isto é, sem ter em conta as consequências previsíveis
dos seus actos. Aquele agente que é comandado pelo dever, pela dignidade, pela
beleza ou pelas directivas religiosas.