Respublica Repertório Português de Ciência Política Edição electrónica 2004 |
Para o mesmo autor, se o Poder tem a ver com um fim, o bem comum, e que é este que transforma a puissance em autoridade, a puissance sob o aspecto exterior, pelo qual se nos revela, aparece como facto, dado que é o poder de comandar de maneira a que se lhe obedeça. Não é o direito nem a possibilidade de comandar, é simplesmente o fenómeno que exprime a execução da ordem dada. Nestes termos, acentua que o poder deve ter puissance para que nasça o Estado até porque um dos traços essenciais das sociedades pré-estaduais é a instabilidade do Poder apoiando-se apenas na puissance
Para Jean Lacroix, a autoridade, como indica a etimologia, é o que aumenta do interior a sociedade humana, a aprofunda, e lhe permite realizar-se. Ter autoridade é ser autor. Podemos contestar os poderes, mas não podemos recusar toda a autoridade. De facto, não devemos identificar o poder com a autoridade, porque é verdade que o poder é sempre constituído e a autoridade apenas constituinte.
Karl Deutsch, por seu lado, considera que a autoridade é aquilo que nos faz obedecer, na ausência de supervisão e de coerção, sendo equiparável a uma votação por actos, como acontece numa guerra, com o rácio deserção e prisioneiros/ mortos em combate, equivalendo à consciência, ao que controla os nossos actos quando ninguém nos está a observar.
Deste modo, a autoridade é algo que se interioriza, tornando-se parte integrante dos sentimentos mais profundos. É assim que aprendemos a associar as ordens dos nossos pais com a realidade e, tanto as ordens com a realidade. Depois, pela vida fora, as ordens ou instruções de um professor ou de um superior podem ter-nos recordado a voz dos nossos progenitores.
Tem também relação com a a credibilidade de uma fonte de informação: acreditar-se-á nas suas emensagens sem se verificar o seu conteúdo, dando-se mais atenção a quem fala do que à quilo que é dito.
Com efeito, a autoridade surge da confiança e desenvolve-se através do prestígio. Voltando a Fernando Pessoa, diremos que havendo um prestígio que se sinta e enetenda, todos os outros prestígios, ainda do que não entenda ou sinta, naturalmente se lhe ajuntam, logo alguém comece a dizê-los. Até acontece que quando um homem tem como qualidades marcantes aquelas que faltam ao povo a que pertence, o seu prestígio é imediato, emboa seja, talvez, sempre um prestígio frio e constrangido – um prestígio intelectual, sem elemento emotivo
— Origem etimológica e evolução semântica. Auctor e augere. O auctor como fundador ou continuador do fundador (conditor). A autoridade como conservação do que deve ser e a necessidade das regenerações, refundações e restaurações. — A autoridade e a instauração de um poder legitimado (dominium politicum) em vez de um poder coercitivo (dominium servile ou dominium despoticum). — A tese de Talcott Parsons. A autoridade como um lugar onde se acumula o poder. — A perspectiva da obediência pelo consentimento. A comunidade de valores e a racionalidade da governação. — A autoridade como um tipo de superioridade que impõe hierarquia ou escalonamento e organização, quando aquele que é mandado dá o seu assentimento ao papel de dar ordens daquele que manda. — As precisões conceituais de Maurice Hauriou. A noção de investidura, como a possibilidade de exercício de um poder próprio em nome e no interesse de outrém. Sua distinção face à delegação de poderes e à representação. -como vocação em Mounier,136,950 – e poder,54,345 - em Maritain,135,945 - em Weber (supõe obediência ou aceitação),53,332-paternalista LE PLAY,134,921 - Autoridade racional,89,589 Autoridade, delegação do poder para o liberalismo,133,918 Autoridade, lugar onde o poder se acumula e donde circula PARSONS,135,932 Autoridade, soma do número e das forças materiais,133,917 Autoridade,ordem,justiça(lema do fascismo),105,715 Autoridade e Liberdade (Laski). O problema central da política é o problema da autoridade e da liberdade, a tensão entre a soberania do Estado e a obrigação moral de resistir, porque o poder somente é válido quando recebe, daqueles que lhe estão sujeitos, a sua livre anuência à autoridade que procura exercer