Respublica     Repertório Português de Ciência Política         Edição electrónica 2004


1920

 

Jan.  Fev.  Mar.  Abr.  Mai.  Jun.  Jul.  Ag.  Set.  Out.  Nov.  Dez.


Janeiro

3

Remodelação governamental  
Em 3 de Janeiro, segundo a República, órgão dos liberais, eis que saem moderados e entram radicais.

 

8

Sá Cardoso aoresenta a demissão

Depois da remodelação governamental de 3 de Janeiro de 1920, com reforço dos democráticos e de ser aprovada uma moção de confiança no dia 8, por 51-39, eis que Sá Cardoso, agravado pelas críticas da oposição apresenta a demissão. O presidente convida o liberal Fernandes Costa para formar governo.

 

8

Bancarrota

O deputado Ventura Malheiro Reimão chegou então a declarar não temos dinheiro, estamos em bancarrota. Di-lo uma pessoa que já foi ministro das finanças (8 de Janeiro).

 

10

Consórcio Bancário

Criado o Consórcio Bancário com a missão de fixar os câmbios diariamente (10 de Janeiro). Será extinto em 20 de Novembro.

 

10

Entra em vigor o Pacto da Sociedade das Nações

No dia 10 de Janeiro entra em vigor o Pacto da Sociedade das Nações. Afonso Costa assumia-se como o primeiro representante português na primeira assembleia da Sociedade das Nações.

 

19

Surge A União

No dia 19 de Janeiro de 1920 começa a publicar-se A União, órgão do Centro Católico Português. Tem como director António Lino Neto. Viverá inúmeras polémicas com A Época, jornal dirigido por José Fernando de Sousa (Nemo).

 

15

Governo de Fernandes Costa

O governo não chega a tomar posse, face a uma manifestação de rua, comandada pela ala radical do partido democrático, a chamada  formiga branca, que havia sido organizada pelo antigo governador civil de Lisboa, Daniel Rodrigues. Os nomeados ministros, antes de tomar posse estavam reunidos no edifício da Junta de Crédito Público e foram alvo de uma manifestação hostil. Fernandes Costa logo desistiu.

 

15

Tentativa de assalto ao jornal A Luta

No mesmo dia há uma tentativa de assalto ao jornal A Luta, tendo o indigitado ministro do interior, António Granjo, que defender o jornal de pistola na mão. O mesmo Granjo segue depois para defender A República

 

 

15

Reconduzido o gabinete Sá Cardoso

Foi imediatamente reconduzido o anterior gabinete de Sá Cardoso.

 

 

Tentativa de Tomé de Barros Queirós

António José de Almeida encarrega o liberal Tomé de Barros Queirós de formar um ministério nacional, mas este, logo no dia 17, desiste do intento.

 

 

Tentativa de Correia Barreto

Segue-se novo fracasso de Correia Barreto, presidente do Senado, que também desistiu (convidado a 17, desiste a 19). Recorre-se finalmente ao presidente da Câmara dos Deputados, Domingos Pereira.

 

20

Greve geral fracassada

No dia 20 de Janeiro, nova greve geral, fracassada.

21

Governo de Domingos Pereira

O governo, constituído em 21 de Janeiro, reúne quatro democráticos, quatro liberais e um socialista.  Dá-se um agravamento da crise das subsistência, com inúmeras resistências populares à requisição de bens essenciais

 

20

No dia 20 de Janeiro, a declarada greve geral constituiu um fracasso. Dura até ao dia 24

 

21

Estado de sítio no Porto

Logo no dia 21 foi declarado o estado de sítio no Porto. Encerradas sedes sindicais e presos dirigentes.

 

22

No dia 22 de Janeiro, António Granjo, no parlamento, declara que os acontecimentos do dia 15 tiveram ligações militares, numa alusão indirecta à GNR

 

22

Apresentação parlamentar

Apresentação parlamentar do governo no dia 22. Apoio completo dos democráticos. Liberais: mais alguma coisa que expectativa benévola. Populares, através de António Granjo: oposição sistemática

 

22

Jornal A República fala na existência de jovens turcos e de organizações secretas do Exército (22 de Janeiro).

 

24

Termina a greve geral (24 de Janeiro). O jornal A Batalha, em Fevereiro, declara que os republicanos apunhalaram a República e o grande combate (entre conservadores e trabalhadores) aproxima-se.

 

 


Fevereiro

3

Orçamento de Álvaro de Castro

Apresentada a proposta de orçamento de Álvaro de Castro em 3 de Fevereiro. António Maria da Silva terá dito na Câmara dos Deputados que o país tem estado a saque.

 

4

Greves e atentados terroristas

Prosseguem os atentados terroristas e as greves, nomeadamente de ferroviários (de 28 de Fevereiro a 4 de Março) e funcionários públicos (a partir de 3 de Março). Destaque para a greve dos sapateiros, com ataques bombistas a sapatarias. Greve do caminho de ferro do Sul e Sueste. Petardos em Lisboa no dia 18.

 

18

Preços do aç úcar

Fixação dos preços do aç úcar em 18 de Fevereiro

 

19

Campanha de O Século contra as Moagens

No dia 19 de Fevereiro, em O Século começa uma campanha contra as moagens.

 

20

Preços do azeite  
Fixação dos preços do azeite em 20 de Fevereiro

 

21

Bombas e outros tumultos

Bombas em Lisboa no dia 21. Tumultos prosseguem nos dias 22, ataque a O Século, e 23, dia do processo a Teófilo Duarte.

 

21

Arrolamento do gado

Determinado o arrolamento de todo o gado disponível, em 21 de Fevereiro.

 

 


Março

1

Regime autoritário na Hungria

Almirante Horty torna-se regente da Hungria, estabelecendo um regime autoritário.

 

2

Ministro contra as Moagens

No dia 2 de Março, no jornal A Capital, o ministro Celestino de Almeida faz declarações contra as moagens, referindo as dívidas ao Estado.

 

4

Governo apresenta demissão

Governo apresenta demissão em 4 de Março.

 

5

Ocupada a sede da CGT

Governo manda ocupar a sede da CGT onde reuniam sindicalistas da construção civil (5 de Março).

 

5

Populares não apoiam António Maria da Silva

Também em 5 de Março, António Maria da Silva é convidado a formar governo, mas logo desiste por  falta de apoio dos populares.

 

7

Álvaro de Castro abandona os democráticos

Em 7 de Março, Álvaro de Castro abandona o partido democrático.

 

8

Manifesto do governo por causa da greve dos funcionários

Em 8 de Março o governo emite manifesto à nação por causa da greve dos funcionários públicos.

 

9

Constituída a dissidência reconstituinte

Em 9 de Março, carta de Álvaro de Castro ao directório. No dia 11 comunica a dissidência ao Congresso e consegue a adesão de Sá Cardoso e de outros deputados democráticos, bem como de alguns dissidentes do partido liberal. Em 2 de Abril, manifesto assinado por 19 deputados (entre eles, Américo Olavo, Artur Lopes Cardoso, Carlos Olavo, Ferreira da Fonseca, Rego Chaves, Helder Ribeiro, Pereira Bastos, Camarate Campos, Manuel Alegre e Pedro Pita). Entre os senadores, Lima Alves, Melo Barreto, Namorado de Aguiar e Vasco Marques.

 

8

Governo de António Maria Baptista

Gabinete constituído em 8 de Março, quando Baptista aparecia como homem da confiança do patronato. Tinha como missão fundamental solucionar as greves. O governo todo ele é democrático, à excepção de Júdice Biker, membro do partido liberal, mas não em representação deste. Baptista era, segundo Pabón, apoplético, míope e ignorante.

 

9

Apresentação parlamentar

Apresentação parlamentar em 9 de Março: ordem pública, ordem pública, ordem pública. Regresso ao intervencionismo esconómico. Apoio dos democráticos, socialistas e populares. Reconstituintes, em expectativa. Liberais, oposição franca e leal.

 

9

Ramada Curto em 9 de Março considera que os empregados do Estado não têm direito à greve porque não são proletários.

 

10

Tumultos no parlamento

No parlamento, tumultos nas galerias no dia 10 de Março.

 

11

Greves

Continuam as greves, nomeadamente dos metalúrgicos (começa no dia 11 de Março) e da construção civil, bem como os atentados terroristas.

 

12

Adiamento dos trabalhos parlamentares

Parlamento em 12 de Março, adiado até 11 de Abril. Votam contra os liberais e socialistas.

 

13

Termina greve dos empregados do Estado

Greve dos funcionários públicos termina a 13 de Março. António José de Almeida intervém no sentido de uma solução honrosa do conflito. Nesse dia é concedido o sistema de ajudas de custo aos funcionários. Apenas continua nos serviços dos correios e telégrafos. A greve começou no dia 4 de Março.

 

15

Greve da indústria do mobiliário

Começa a greve da indústria do mobiliário no dia 15 de Março.

 

17

Tumultos

Grandes tumultos nos dias 17 e 19 de Março. Sindicalistas disparam sobre a GNR. Operários dão vivas  à Rússia Vermelha.

 

18

Termina conflito russo-polaco

Termina o conflito russo-polaco com a assinatura do Tratado de Riga. Em Março, Lenine institui a NEP (nova política económica).

 

19

Pressão militar inglesa em Lisboa

No dia 19 uma flotilha inglesa faz exercício de tiro real diante do Terreiro do Paço. Temia-se uma revolução bolchevique em Lisboa.

 

19

Encerrada a sede da CGT

No dia 19 de Março, encerrada a sede da CGT, que apelara à greve geral, com confrontos entre grevistas e membros da GNR.

 

 

 

Ultimato do governo aos grevistas dos serviços telegráfico-postais.

 

20

Pacote sobre a questão das subsistências

No dia 20, o governo emite um pacote de decretos sobre a questão das subsistências, nomeadamente pelo tabelamento de bens essenciais e de interdição das exportações, contrariando a linha de liberalização dos anteriores gabinetes. Anulado o decreto de 5 de Março que estabelecia a liberdade de comércio para os aç úcares. Fixação dos preços máximos para azeite, arroz, batata, café, feijão, grão, milho nacional da última colheita, carvão vegetal e leite. Determina-se a apreensão destes géneros para serem postos à disposição do governo sempre que os mesmos sejam encontrados em local onde não estivessem à venda. Proibida a exportação de toros de pinho. Manifesto obrigatório de gado.

 

22

Lei-travão

No dia 22 de Março surge uma lei-travão, proibindo a apresentação de propostas envolvendo aumentos das despesas ou diminuição das receitas. É intensa a fuga de capitais.

 

24

Regime cerealífero

Lei nº 960 sobre o regime cerealífero, em 24 de Março.

 

24

Repressão aos sindicalistas

No dia 24 de Março, encerrados os sindicatos da construção civil e dos metalúrgicos, bem como a sede da União Sindical Operária, com grande aparato policial. Apreendido o jornal A Batalha que acusa o governo de ressuscitar os processos do regime sidonista. Nesse dia, um decreto determinava medidas excepcionais contra os grevistas dos serviços telegráfico-postais e dos operários da construção civil nas obras do Estado.

 

26

Proibição de exportações

Proibida a exportação de tecidos, malhas de lã e algodão em 26 de Março.

 

27

Suspensão de A Batalha

A Batalha suspende a sua publicação regular como jornal diário (27 de Março)

 

28

Greve de protesto

Greve de protesto contra o encerramento de A Batalha (28 de Março).

 

30

Termina a greve dos correios

Carteiros regressam ao trabalho no dia 30 de Março.

 


Abril

3

Proibição de exportações

Proibida a exportação de calçado em 3 de Abril.

 

5

Termina a greve da construção civil em 5 de Abril.

 

8

Obrigatoriedade de manifesto para aç úcares estrangeiros em 8 de Abril.

 

10

Em 10 de Abril começa a greve dos operários dos arsenais. 

 

11

Reabertura do parlamento

Reabre o parlamento no dia 11 de Abril.

 

12

Em 12 de Abril, por ocasião de uma manifestação de apoio ao governo na Rua Augusta, bombas e mortes. 

 

13

Pacote de propostas financeiras do governo em 13 de Abril.

 

14

Defesa de um tipo único de pão

Deputado Costa Júnior, socialista, interpela o ministro da agricultura, advogando um tipo único de pão e acusando a panificação de praticar fraudes pela existência de dois tipos de farinha e de pão

 

14

Nos dias 14 e 15 de Abril, atentados em Lisboa, Porto, Faro e Beja.

15

Em 15 de Abril termina a greve dos metalúrgicos iniciada em 11 de Março.

15

No mesmo dia 15 é apresentada no parlamento uma proposta de lei de repressão aos bombistas, com deportação imediata para os dinamitadores.

 

20

Cunha Leal contra as Moagens

Discurso de Cunha Leal na Câmara dos Deputados, atacando as moagens (20 de Abril): a guerra permitiu, com o auxílio da fraude, reunir nas mãos da Moagem capitais disponíveis enormes. A pouco e pouco, as mogens começaram a alargar o seu campo de operações. Eles são senhores, entre outras coisas, do seguinte: moagens, panificação, indústria da bolacha e fabrico de massas, energia hidráulica, minas de carvão , metalurgia, indústria de fiação, etc. O seu poder torna-se estranho, compram jornais políticos e não políticos e manobram, assim, à vontade, a consciência pública.

 

23

Jovens turcos tomam o poder … na Turquia

Primeira reunião da Assembleia Nacional turca. Mustafá Kemal eleito presidente do comité executivo. Sultão será destituído a 11 de Maio.

24

Adoptado um tipo único de pão.

Em 24 de Abril, adopção de um tipo único de pão. Elevado o preço do trigo exótico $25/kg no preço de entrega à Moagem. Mantém-se para o trigo nacional o preço de $22/kg.

 

30

Denunciada a fuga de capitais

Deputado Lello Portela discursa na Câmara dos Deputados sobre a fuga de capitais, eem 30 de Abril.

 


Maio

1

1º de Maio contra as forças vivas

Comemorações do dia 1 de Maio contra a ditadura das forças vivas. Retrocede a ofensiva sindical. Governo apoia-se nos grupos de defesa da República, aliando-se os carbonários democráticos com representantes das associações patronais que, neste transe, apoiam António Maria da Silva.

 

5

Proibida a exportação de adubos orgânicos em 5 de Maio.

 

6

Críticas ao tipo único de pão

Deputado socialista Ladislau Batalha critica o tipo único de pão, por significar pão mais caro e pior (6 de Maio).

 

6

Governo apresenta novas propostas financeiras em 6 de Maio.

 

11

Criação de um Tribunal de Defesa Social

Em 11 de Maio é criado um Tribunal de Defesa Social (dois juízes nomeados pelo governo e um pela magistratura) para criminosos de delitos sociais e bombistas.

 

15

Redução dos quadros

Redução dos quadros do funcionalismo público em 15 de Maio.

 

23

Greve dos eléctricos

Continuam as greves, nomeadamente dos eléctricos de Lisboa (de 23 a 31 de Maio). Governo promove, como alternativa, o transporte automóvel e regressa-se à tracção animal.

 

 

Fuga de capitais

Abunda a fuga de capitais e um mercado clandestino de câmbios

 

27

Tomás Mazarik primeiro presidente da República da Checoslováquia

 

27

Proposta de amnitia apresentada por Jacinto Nunes

Jacinto Nunes apresenta no Senado, em 27 de Maio, proposta de amnistia para crimes políticos e religiosos. A proposta não é aprovada, apesar do apoio de Dias da Silva, socialista, e de António Maria da Silva. Forte oposição de Álvaro de Castro.

 

 

Discussão parlamentar sobre os lucros de guerra

O parlamento começa a discutir a questão do imposto sobre os lucros de guerra.

 

 

Divergências entre católicos

Divergências entre os católicos, no conflito entre A Época de Fernando de Sousa (Nemo) e A União, de António Lino Neto. Neto tinha escrito que a Igreja  é a mais bela democracia que tem visto o mundo e a primeira democracia de todos os tempos. Nemo contesta, baseando-se em Charles Maurras. Também Pequito Rebelo em A Monarquia havia contestado o presidente do Centro Católico Português, em Março desse ano.

 

29

Greve dos médicos mutualistas no dia 29 de Maio

 

31

Termina a greve dos carros eléctricos de Lisboa no dia 31 de Maio

 

 


Junho

3

Gomes da Costa condenado

Ministro da guerra João Estevão Águas aplica 20 dias de prisão correccional a Gomes da Costa porque este em 3 de Junho publica artigo em A Capital criticando-o. Gomes da Costa era então membro da Federação Nacional Republicana, depois de ter sido membro do partido centrista.

 

5

Manifesto obrigatorio para couros e cabedais em quantidades superiores a 20 kg. Em 5 de Junho

 

6

Morte de António Maria Baptista

Em 6 de Junho, morte do presidente do ministério, em pleno conselho de ministros, logo substituído por Ramos Preto. Acabara de ler uma notícia inserta em O Popular, então dirigido por Cunha Leal.

 

7

Manifesto obrigatório para a manteiga importada das Ilhas em 7 de Junho.

18

 

Governo apresenta a demissão em 18 de Junho, depois de ser criticado por um diploma que aumentava os vencimentos dos membros dos gabinetes ministeriais. São convidados sucessivamente para constituir governo Teixeira Gomes, Brito Camacho, Correia Barreto e Sá Cardoso. Todos desistem.

 

 

Cunha Leal contra as forças vivas

Cunha Leal discursa na Câmara dos Deputados em 18 de Junho em apoio do ministro das finanças e criticando as forças vivas: nós fazemos a defesa dos interesses da Pátria e as forças vivas têm de pagar, hão-de pagar, embora tenhamos de lhes abrir as burras com o auxílio da guarda republicana. Corrida ao Banco de Portugal e sensível flexão do câmbio.

 

 

Governo de António Maria da Silva

Governo democrático (três ministros), mobilizando populares e socialistas. Era uma aliança da esquerda parlamentar com moderados. Oposição de liberais e reconstituintes que recusam colaborar.

 

 

Álvaro de Castro, analisando o programa de governo, proclama: é fácil e difícil discutir o programa do Governo. E é difícil porque, de uma maneira geral, pode dizer-se que não há ninguém, português e espanhol, brasileiro ou de qualquer outra nacionalidade, que não esteja de acordo com os princípios enunciados.

 

28

Aprovada na Câmara dos Deputados moção de confiança por 49-39, em 28 de Junho. Mas no Senado ganha uma moção de desconfiança apresentada pelos liberais, por 25-23. Contudo, não era da praxe fazer depender o governo de votações do Senado

 

 


Julho

 

Tribunal de Defesa Social entra em funcionamento

Entra em funcionamento o Tribunal de Defesa Social, criado em Maio de 1919.

 

2

O Mundo critica a constituição do governo

O jornal O Mundo ataca o governo, considerando-o como mal constituído, logo no dia 2 de Julho.

 

2

Adiamento dos trabalhos parlamentares

Nesse dia 2 de Julho, os trabalhos parlamentares são adiados por dez dias

 

4

Assassinado juiz do TDS

Um dos juízes do Tribunal de Defesa Social, Pedro de Matos, é assassinado logo no dia 4 de Julho.  Segue-se um ataque à bomba ao mesmo tribunal.

 

8

Portaria surda autoriza aumento da circulação fiduciária

Portaria secreta de António Maria da Silva, de 8 de Julho, autoriza o Banco de Portugal a exceder o limite da circulação fiduciária, para reembolso dos saldos dos depósitos à ordem e à s operações de auxílio à s praças do país. A portaria só será revelada em 24 de Novembro de 1920

 

8

Greves e tumultos

Em 8 de Julho, greve no Porto dos manufactores de calçado. Há brigadas de vigilância  que fazem caçadas aos amarelos, isto é, os trabalhadores independentes ao domicílio. A greve não tem o controlo da CGT. Tumultos graves em Setúbal, com assaltos a estabelecimentos no centro da cidade por tarefeiros da indústria de conservas. Tumultos também em Alcácer do Sal. Todos os movimentos sem controlo sindical. São as chamadas revoltas da fome.

 

10

Novo regime cerealífero

Decreto nº 6 735 de 10 de Julho sobre o novo regime cerealífero.

 

10

Governo demite-se

Governo demite-se no dia 8. Continuam a ser convidadas, a partir do dia 10 de Julho, várias personalidades para formar governo, como os oficiais Correia Barreto, Sá Cardoso, Herculano Galhardo e Abel Hipólito. Todos desistem. Devido a este convite a militares, fala-se na derrota do exército português.

 

19

Revoltas da fome

Sucessão de revoltas da fome sem controlo da CGT em Santarém (9 de Julho); Guimarães e Azambuja (13 de Julho); Aviz (15 de Julho).

 

21

Renúncia de D, Miguel II que abdica em D. Duarte Nuno

No dia 21 de Julho, D. Miguel II renuncia ao trono, depois de negociações com os integralistas. No dia 31 confia a tutela de D. Duarte Nuno, seu terceiro filho, em quem abdica, a D. Maria Aldegundes de Bragança, sua tia.

 

 

Governo de António Granjo

Ensaia-se uma fórmula liderada pelo liberal António Granjo, em aliança com os reconstituintes e apenas com um democrático (Velhinho Correia).

 

20

Apresentação parlamentar

Em 20 e 21 de Julho, apresentação parlamentar. Governo apoiado por democráticos, liberais e reconstituintes. Cooperação condicionada dos socialistas. Oposição dos populares.  Granjo propõe restabelecer gradual e sucessivamente a liberdade do comércio, relativamente a todos os artigo em que se possa presumir que la livre concorrência resultará o seu barateamento.

 

19

Greves e bombas

Greve dos motoristas e bombas em Lisboa em 19 de Julho.

 

28

Fuga de capitais

Ministro das finanças, Inocêncio Camacho, afirma na Câmara dos Deputados que a maior parte do ouro proveniente das exportações fica depositado em bancos estrangeiros ou é utilizado em aquisições sumptuárias (28 de Julho).

 

30

Agitação promovida pela Legião Vermelha

A agitação social prossegue, principalmente pela acção da Legião Vermelha, com os seus bombistas alcunhados Bela Kun e Gavroche. Greve da Carris de Lisboa de 30 de Julho até 2 de Setembro.  Assaltos a armazéns de víveres em Santarém (30 de Julho).

 


Agosto

 

 

Falhanço do controlo sindical

Secretário geral interino da CGT, Alfredo Lopes, em entrevista a O Século refere energias entregues a si mesmas que não têm sido canalizadas pela Central, referindo o possível agravamento das revoltas depois das falências dos governos a que seguirá a falência do povo.

 

5

Prosseguem as revoltas da fome

As revoltas da fome são mais violentas do que em Julho. No dia 5 de Agosto na Guarda e em Coimbra. Depois, em Aviz e na Azambuja, em nome dos baldios.

 

7

Regime de autonomia das colónias

Aprovada no parlamento nova lei de autonomia administrativa das colónias, em 7 de Agosto (lei nº 1 005). Cria o regime dos altos-comissários. Consagra a expressão colónias, em vez de províncias ultramarinas. Altera a Constituição de 1911.

 

7

Liberdade de comércio

Lei de 7 de Agosto deixa ao arbítrio do governo estabelecer ou suprimir qualquer restrição à liberdade do comércio e trânsito de géneros de primeira necessidade.

 

9

Reformas financeiras frustradas

Proposta financeiras de Inocêncio Camacho são apresentadas parlamentarmente, no dia  9 de Agosto. Não chegarão a ser votadas.

 

10

Tratado de paz com a Turquia

Tratado de Sèvres entre a Turquia e os Aliados.

 

11

Comissariado dos abastecimentos

Em 11 de Agosto é criado um comissariado dos abastecimentos no ministério da agricultura. Nesse dia, no Porto, grande agitação, por causa de greves e lock out de resposta.

 

13

Festa do Patriotismo

Lei nº 1 012 de 13 de Agosto cria a Festa do patriotismo no dia 14 de Agosto em honra do Santo Condestável.

 

19

Encerramento do parlamento

Em 19 de Agosto o parlamento encerra por dois meses. Concedidas várias autorizações legislativas ao governo, nomeadamente para nomear Norton de Matos (concretizada em 31 de Agosto) e Brito Camacho (18 de Outubro) como altos-comissários em Angola e Moçambique, respectivamente.

 

20

Novo atentado contra juiz do TDS

Novo atentado contra um membro do Tribunal de Defesa Social, Dr. Félix Horta, alvejado na Rua 1º de Dezembro em Lisboa (20 de Agosto). 

 

21

Revolta frustrada

Descoberta uma revolta em 21 de Agosto.

 

22

Medidas sobre subsitências

Tabelamento dos preços do carvão vegetal. Alteração da limitação da composição das refeições fornecidas em hotéis e restaurantes. Em 22 de Agosto.

 

24

Centenário da Revolução Liberal

Comemora-se no Porto o centenário da revolução liberal. Inaugurado o novo Clube dos Fenianos (24 de Agosto).

 

25

Assaltos a armazéns de víveres

Assaltos a armazéns de víveres na Figueira da Foz (25 de Agosto). 

 

29

Greve dos tipógrafos

Greve dos  tipógrafos em Lisboa (29 de Agosto).

 

31

Greves no Porto. Intervenção policial.

Greve no Porto. GNR ocupa as ruas (31 de Agosto).

 

 


Setembro

2

 

Fim da greve da Carris

Fim da greve da Carris, iniciada em 30 de Julho (2 de Setembro).

2

Integralistas reconhecem D. Duarte Nuno

Em 2 de Setembro, a Junta Central do Integralismo Lusiano declara reconhecer como herdeiro do trono português D. Duarte Nuno, unindo-se assim ao partido legitimista.

 

6

Dois tipos de pão

Em 6 de Setembro, restabelecidos dois tipos de pão. Autorizada a importação livre de direitos alfandegários de carnes, gorduras animais e gorduras vegetais. No dia seguinte, alargado o regime para arroz, milho, batatas e legumes.

 

6

Em 6 de Setembro, proibição do fabrico e venda de produtos de pastelaria em dois dias de cada semana.

 

7

Em 7 de Setembro, manifesto obrigatório de carvões e lenhas.

 

7

Em 7 de Setembro, democráticos criticam os ministros correlegionários pelas medidas tomadas quanto à questão das subsistências.

 

8

Obrigatoriedade de entrega de determinadas quantidades de aç úcar amarelo pelos industriais aç ucareiros das colónias, em 8 de Setembro.

 

 

Prosseguem assaltos a armazéns de víveres em vários pontos do país, principalmente a padarias.

 

8

Em 8 de Setembro, liberdade de importação, refinação, trânsito e venda de aç úcares brancos.

 

9

Em 9 de Setembro, greve em Setúbal e comício operário na Covilhã.

 

Assalto a padarias em Lisboa  e Setúbal (Setembro).

 

11

Greve da marinha mercante em 11 de Setembro.

 

12

Ocupada a sede da CGT

Governo manda ocupar a sede da CGT em 12 de Setembro.

 

20

Ocupada a estação do Barreiro

No dia 20 de Setembro, forças do exército, perante a ameaça de greve dos ferroviários, ocupam a estação do Barreiro e outras da linha do Sul

 

23

Prémios de cultura

Prémios de cultura para terrenos incultos e criação de um Fundo de Fomento Agrícola (Decretos nº 6 961 e 6 962, de 23 de Setembro).

 

28

Comissariado dos abastecimentos

Decreto nº 6 984 de 28 de Setembro organiza o comissariado dos abastecimentos.

 

30

Greve dos ferroviários

Greve dos ferroviários em 30 de Setembro. Governo começa a utilizar em grande escala o serviço dos sapadores do Exército, comandado por Raul Esteves. Linhas dinamitadas. Governo manda pôr à frente dos comboios os grevistas presos. A greve vai-se extinguindo no Norte, mas recrudesce no Sul, durando cerca de 70 dias, até 8 de Dezembro. Era a primeira greve conjunta de empresas privadas e do Estado

 


Outubro

6

Decretada a mobilização geral de todos os meios de transporte. Vias férreas são reparadas por artífices civis (6 de Outubro). As greves ferroviárias só terminam no dia 15.

 

15

Face aos ataques de reconstituintes e liberais, o governo demite-se no dia 15, apesar de ser aprovada uma moção de confiança no parlamento.

 

15

Reorganização do ministério da agricultura

Remodelação dos serviços do ministério da agricultura.

 

16

Casal de família

Instituído o casal de família pelo decreto nº 7 033, de 16 de Outubro. O diploma não foi aplicado. Previa a instituição de unidades agrícolas que sustentassem famílias de 4 pessoas, com casas, dependências e glebas anexas.

 

18

Reabertura do Congresso em 18 de Outubro. Chovem as críticas da oposição.

 

19

No dia 19, António Maria da Silva, pelos democráticos critica os contratos de fornecimento de trigo e carvão negociados no estrangeiro.

 

20

Em 20 de Outubro, nivelados os preços do trigo nacional e do trigo exótico.

 

21

Júlio Dantas ministro da instrução

O reconstituinte Júlio Dantas substitui o democrático Rego Chaves na pasta da instrução (21 de Outubro). Velhinho Correia demite-se do partido democrático.

 

21

Novo regime cerealífero

Novo regime cerealífero em 21 de Outubro. Intervenção mais directa da Manutenção Militar no absteciemnto pelo decreto nº 7 070 de 28 de Outubro.

 

29

Rejeitada proposta de amnistia

Em 29 de Outubro, Granjo propôs amnistia geral para os crimes políticos. Não foi aprovada.

 


Novembro

1

Visita dos reis da Bélgica e do príncipe do Mónaco

Reis da Bélgica visitam Portugal em 1 de Novembro, no regresso dos Estados Unidos. Segue-se, no dia 8, a visita dos príncipes do Mónaco, a caminho dos Açores.

 

12

Extinção do Consórcio Bancário em 12 de Novembro.

15

Demissão do governo

Governo demite-se em 15 de Novembro, face aos ataques de reconstituintes e populares sobre questões de abastecimento de trigo e carvão, apesar de aprovada moção de confiança.

 

17

Divisão de baldios

Novo decreto sobre a divisão de baldios (decreto nº 7 127).

 

19

Decreto nº 7151 de 19 de Novembro aplica aos indígenas das colónias que adoptam um modo de vida civilizado os direitos civis dos europeus.

 

22

 

Em 22 de Novembro, reunião de cerca de 2 500 delegados do patronato na presença de Álavro de Castro. Defende-se a revisão da Constituição no sentido da participação das forças vivas, à semelhança da segunda câmara do sidonismo.

 

19

 

Experiência governamental, presidida pelo reconstituinte Álvaro de Castro, dura cerca de dez dias. Os liberais querem ficar na oposição, por terem sido anteriormente exonerados. O directório dos democráticos recusa ir para o governo, o que leva à cisão do grupo de Domingos Pereira, que aceitam, em rebeldia, lugares no gabinete.

 

Dissidência formalizada em carta de 19 de Novembro, a que também adere o deputado Vasco Borges.

20

Governo de Álvaro de Castro

Governo constituído a 20 de Novembro.

 

22

Apresentação parlamentar

Apresentação parlamentar em 22 de Novembro.

 

25

Aprovada moção de desconfiança logo no dia 25. Na véspera, o ministro das finanç las revelara uma portaria secreta de António Maria da Silva, autorizando o Banco de Portugal a exceder o limite da circulação fiduciária.

 

27

Circulação fiduciária

Lei nº 1074 de 27 de Novembro estabelece novo limite para a circulação fiduciária em 550 000 contos.

 

25

Convite a Abel Hipólito

Foi convidado para formar governo, no dia 25 de Novembro, o general Abel Hipólito, afecto aos liberais que recusou. António José de Almeida aconselha Liberato Pinto a formar um governo de geral concentração republicana.

 

30

Governo de Liberato Pinto

Constituído o governo a 30 de Novembro. Governo democrático, com reconstituintes e populares e o apoio das forças vivas e até de alguns sectores católicos. O jornal A Época incitava Liberato para fazer um governo militarizado que fosse órgão da vontade nacional. Um bonapartismo de segunda ordem, segundo Fernando Medeiros.

 


Dezembro

2

Apresentação parlamentar

Apresentação parlamentar em 2 de Dezembro.

 

 

Greves, crise cambial

Continuam as greves. Crise cambial, com um princípio de corrida aos bancos.

 

8

Propostas de reforma finceira

Em 8 de Dezembro começa a discussão parlamentar sobre as propostas do novo ministro das finanças sobre o aumento das contribuições do registo, que não chegam a ser aprovadas, mas geram pânico nos meios ditos conservadores, bem como grande nervosismo cambial e corrida aos bancos..

 

9

Fim da greve dos ferroviários

Em 9 de Dezembro, os ferroviários do Sul e Sueste retomam o trabalho.

 

 

Situação financeira dramática

Cunha Leal reconhece que Portugal se encontra sem recursos em Lisboa e a descoberto em Londres … estamos sem recursos necessários para comprar o pão nosso de cada dia.

 

18

Adiamento dos trabalhos parlamentares

Em 18 de Dezembro, interrupção dos trabalhos parlamentares até 9 de Janeiro de 1921.

 

21

Congresso dos democráticos

Congresso do partido democrático em 21 de Dezembro. Contra a linha oficial, Vitorino Guimarães.

 

24

Comissariado Geral dos Abastecimentos

Em 24 de Dezembro é criado o Comissariado Geral dos Abastecimentos e estabelecido um novo regime de preços pelo decreto nº 7 207. O anterior comissariado passa a comissariado geral, sendo estabelecida uma delegação no Porto e comissariados distritais.

 

29

Bombas

Bombas em edifícios sindicais no dia 29 de Dezembro.

 

 

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Última revisão em: 18-06-2000


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