Respublica     Repertório Português de Ciência Política         Edição electrónica 2004


1921

 

Jan.  Fev.  Mar.  Abr.  Mai.  Jun.  Jul.  Ag.  Set.  Out.  Nov.  Dez.


Janeiro

5

Apoio do patronato a Liberato Pinto

Em 4 de Janeiro, delegação de Associação Industrial Portuguesa, com Alfredo da Silva, sugere a Liberato Pinto que Portugal seria salvo se ele decidisse a ir sem hesitação até onde for necessário.

 

5

Atentado contra Raul Esteves

Em 5 de Janeiro, Raul Esteves é alvejado a tiro.

 

6

Novo regime cerealífero

Alteração do regime cerealífero.

 

9

Reabertura do orçamento e proposta orçamental

Reabre o parlamento em 9 de Janeiro. Proposta de orçamento em 12 de Janeiro.

 

9

Congresso da Federação Patronal

Congresso da Confederação Patronal Portuguesa em 9 e 10 de Janeiro. Reúne 60 associações (22 comerciais; 15 mistas e 4 industriais), incluindo a ACAP. Fora criada em 1920.

27

Bases do futuro partido comunista

A Batalha, em 27 de Janeiro de 1921, publica as bases programáticas do Partido Comunista Português a criar futuramente.

 

29

Adiamento dos trabalhos parlamentares

Em 29 de Janeiro são interrompidos os trabalhos parlamentares até 10 de Fevereiro.

 


Fevereiro

3

Crítica de Ramada Curto aos democráticos

Em 3 de Fevereiro, na Câmara dos Deputados, Ramada Curto chama aos democráticos essa grande cooperativa de produção e consumo.

 

11

Demissão do governo e crise ministerial

Em 11 de Fevereiro, o governo demite-se. Segue-se uma crise ministerial de longa duração.

 

Demissão de Júlio Martins

Júlio Martins, que havia deixado o cargo de ministro da marinha, uma semana antes, salienta que a nossa marinha de guerra não tem um navio capaz de dar um tiro e possui, no entanto, vinte e três  almirantes. Tinha sido desrespeitado pelo comandante do Centro de Aviação Marítima e não obteve solidariedade do governo. Mais observa: esta República, com dez anos apenas, por momentos parece viver uma velhice precoce …em Portugal todos mandam menos o Governo; todos têm força menos o Governo. Em Portugal a função dos Governos é transigir, transigir numa transigênciaa que é uma abdicação.

 

21

Leote do Rego critica a política de marinha do regime

Em 21 de Fevereiro, Leote do Rego continua a criticar a política da marinha: oitenta por cento das verbas vão para pessoal e vinte por cento para material. Onde em 1910 havia uma esquadra de 34 000 toneladas, ei-la agora apenas com 22 000 toneladas, parte delas a apodrecer no Tejo, apesar do aumento desmesurado dos oficiais.

 


Março

 

Convites a Barros Queirós e Augusto Soares

Convidados Tomé de Barros Queirós e Augusto Soares para formarem governo em 16 e 18 de Fevereiro, acabam por desistir. Barros Queirós reconhece expressamente a pulverização dos partidos. Bernardino é convidado no dia 25.

 

2

Governo de Bernardino Machado

Constituído o governo no dia 2 de Março. Seis dos sete ministros conservam as mesmas pastas. Três democráticos, três reconstituintes e dois populares.

 

7

Apresentação parlamentar

Apresentação parlamentar em 7 de Março. Oposição de liberais.

 

11

Comandante da GNR apoia o governo

General Pedroso Lima comandante da GNR proclama, em 11 de Março a Bernardino Machado: na Guarda Republicana não há políticos nem se apoiam políticos.

 

16

Fundação do PCP

Em 16 de Março, fundado o PCP, a partir da Federação Maximalista Portuguesa de Manuel Ribeiro.A reunião fundadora teve lugar na sede da Associação dos Empregados de Escritório.

 

19

Suspensão de Liberato Pinto

Em 19 de Março Liberato Pinto é suspenso. Autorizara o capitão Jaime Baptista, das metralahadoras pesadas, a que saísse para exercícios e não submetera o assunto ao comandante da GNR, o general Pedroso Lima. General Correia Barreto é nomeado sindicante.

 

22

Viagem aérea Lisboa/ Funchal

Em 22 de Março começa a viagem aérea Lisboa/ Funchal de Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Utilizado o sextante pela primeira vez.

 

30

Liberato demitido

Liberato Pinto é demitido de chefe de estado maior da GNR em 30 de Março.

 

 

Aprovada amnistia no Senado

Senado vota favoravelmente a amnistia proposta anteriormente por Jacinto Nunes.

 


Abril

9

Tumulação dos soldados desconhecidos

Em 9 de Abril, tumulação no mosteiro da Batalha de dois soldados desconhecidos (um da Flandres e outro de África). Participam bispos, bem como o marechal Joffre. Ambiente de grande emoção patriótica e discursos conciliadores do presidente da república e dos eclesiásticos.

 

9

Greve dos manipuladores de pão em 9 de Abril. Lançadas bombas.

 

30

Congresso dos sindicatos patronais agrícolas manifesta-se contra a importação de trigo, em 30 de Abril. Intervenção de José Pequito Rebelo.

 

 


Maio

 

Fundação do P.C. Chinês

Fundação do Partido Comunista da China.

 

1

Eleições na Irlanda

Eleições na Irlanda, com vitória do Sinn Fein no Sul. No dia 8, estabelecidas tréguas entre o IRA e o governo britânico então presidido por Lloyd George. Nesse acordo prevê-se a divisão da ilha.

 

4

Portugal Durão na agricultura

Em 4 de Maio assume a pasta da agricultura, até então gerida interinamente por Bernardino Machado, o democrático Portugal Durão. Pouco permanecerá nessas funções, dado que em 16 de Maio o seu colega das finanças, António Maria da Silva apresentava uma proposta de reorganização do ministério da agricultura, sem que o seu novo titular tivesse sido ouvido atempadamente.

 

4

Poderes extraordinários para o executivo

Em 4 de Maio é renovada a autorização de 7 de Agosto de 1920 para o poder executivo poder estabelecer ou suprimir qualquer liberdade de comércio ou de trânsito de géneros de primeira necessidade.

 

8

Lei do horário de trabalho

Lei do horário de trabalho das 8 horas, em 8 de Maio. Proposta de Vasco Borges.

 

15

Subida eleitoral do partido fascista

Nas eleições italianas, o partido fascista consegue 35 deputados.

 

17

Exoneração do major Marreiros

Exonerado o major Marreiros, director da Polícia de Segurança do Estado, em 17 de Maio.

 

Nomeação de Gomes da Costa para a 4ª divisão

Gomes da Costa é nomeado comandante da 4ª divisão militar, com sede em Évora.

 

18

Criação da União Anarquista Portuguesa

Em Alenquer, a Conferência Regional Anarquista cria a União Anarquista Portuguesa em 18 de Maio de 1921

 

19

Portugal Durão sai do governo

Em 19 de Maio, Portugal Durão saía do governo e Bernardino Machado voltava à interinidade de uma pasta, onde praticou uma política de liberdade de comércio, ao contrário do modelo intervencionista do anterior gabinete. Conforme vai reconhecer Bernardino, no manifesto de 26 de Março de 1922, economicamente, propusemo-nos organizar a produção pelo auxílio aos seus sindicatos, o consumo pelo desenvolvimento cooperativista e o comércio pela transformação do regime coercitivo de guerra no regime normal dos mercados entregues à acção dirigente das associações das forças vivas, sob o controle superior do Estado, e, transitoriamente, enquanto não fosse dispensável, com a sua concorrência desinteressada.

 

21

Sublevação da GNR

Em 21 de Maio, houve uma sublevação da GNR de sectores afectos a Liberato Pinto, mas o governo, principalmente através da acção de Júlio Martins, organizou um contragolpe vitorioso que teve o apoio da marinha. O major Marreiros, chefe da polícia política, informara o major Gilberto Mota, da GNR, que estava preparado um movimento destinado a elevar Bernardino Machado a presidente, com Álvaro de Castro a chefiar o governo.Outros chefes da revolta são o capitão-tenente Procópio de Freitas e o capitão Tribolet. O golpe terá sido apoiado por Machado Santos. Pelo menos, Gomes da Costa, demite-se da Federação Nacional Republicana em 24 de Maio, invocando tal apoio.

 

23

Governo demite-se. Convite a Augusto Soares

O governo pede a demissão. Augusto Soares é convidado a formar governo, mas acaba por recusar.

 

23

Governo liberal de Tomé de Barros Queirós

Constituído o governo em 23 de Maio. Domina a facção liberal dos ex-unionistas.

 

26

Novo regime cerealífero

Novo regime cerealífero em 26 de Maio (decreto nº 7 524)

 


Junho

1

Dissolução parlamentar

Dissolução do parlamento em 1 de Junho

 

 

 

Suspensos os trabalhos dos bairros sociais

Suspensos os trabalhos dos bairros sociais

16

CGT responde ao PCP

Nota oficiosa do comité central da CGT responde à criação do PCP

 

23

Programa do governo

Publicado o programa governativo em 23 de Junho. Promete medidas tendentes à normalização da liberdade de trânsito e de comércio de todos os géneros e produtos.

 

26

Manifesto de Baiona de D. Maria Aldegundes

Em 26 de Junho, manifesto de Baiona de D. Maria Aldegundes de Bragança, tutora de D. Duarte Nuno. onde se defende a monarquia tradicionalista.

 


Julho

1

Legitimistas aliados a Integralistas

Em 1 de Julho, partido legitimista anuncia acção conjunta com o Integralismo Lusitano, face ao Manifesto de Baiona

 

6

Protestos da AIP contra os impostos

Protestos da Associação Industrial portuguesa contra o aumento da contribuição industrial, em 6 de Julho.

 

7

Declaração de princípios do PCP

Publicada, em 7 de Julho, a declaração de princípios do PCP que integra no seu seio as antigas Juventudes Sindicalistas da CGT, dirigidas por José de Sousa. CGT logo critica o estatismo tentacular dos bolcheviques.

 

7

Surge o Imprensa da Manhã.

Fundado o jornal Imprensa da Manhã no dia 7 de Julho. Será subsidiado por Alfredo da Silva, que lhe chama uma amante cara, e por Fausto de Figueiredo.

 

7

Liberdade de comércio para o carvão vegetal

Liberdade de comércio para o carvão vegetal, em 7 de Julho.

 

9

Liberdade de comércio para os azeites

Liberdade de comércio para os azeites nacionais ou importados em 9 de Julho.

 

10

Eleições. Vitória dos liberais

As eleições de 10 de Julho dão cerca de 50% aos liberais (88 deputados), com 30% para os democráticos (54 deputados) e 15% para os reconstituintes. Um jovem assistente universitário de Coimbra, António de Oliveira Salazar chega a ser eleito por Guimarães, pelo Centro Católico.

 

18

Liberdade de comércio para a manteiga

Liberdade de comércio para a manteiga nacional em 18 de Julho.

 

25

Reabre o Congresso da República

Início dos trabalhos parlamentares em 25 de Julho.

 

 

Primeiros doutores em direito formados em Lisboa

Surgem os primeiros doutores em direito entre os alunos que aí fizeram integralmente o curso e que sairam licenciados em 1920. O primeiro é Armindo Rodrigues Monteiro. O segundo António Pinto de Meireles Barriga.

 

 


Agosto

1

Apresentação parlamentar do governo de B. Queirós

Apresentação parlamentar do governo em 1 de Agosto. O antigo ministro do governo provisório da República, reitor da Universidade de Coimbra, regressando à política como deputado, declara no parlamento, nesse mesmo dia 1 que a pátria está sobre um vulcão.

 

3

Proposta de reformas financeiras

Apresentado pacote de medidas financeiras em 3 de Agosto.

 

5

Proposta de remodelação do exército

Proposta de remodelação do exército em 5 de Agosto.

 

 

Falha empréstimo dos 50 milhões de dólares

O governo demite-se depois de falhar um empréstimo externo de 50 milhões de dólares que Afonso Costa prometera conseguir dos norte-americanos. Fora encarregado pelo anterior governo de negociar com agentes da War Finance Corporation, firmando um contrato provisório. Mas os norte-americanos não passavam de meros vigaristas.

 

10

Demissão de Granjo em conflito com m. guerra

Granjo demite-se em 10 de Agosto, em conflito com o ministro da guerra.

 

26

Demissão colectiva do governo

Em 26 de Agosto, a demissão colectiva do governo. Falhara o projecto financeiro de aumento das receitas sem aumento dos impostos. Barros Queirós queixa-se da intriga: em Portugal, no campo político, não se discutem ideias, discutem-se homens para os arruinar, como de dessa demolição não adviesse um grave mal para o regime e para o País.

 

31

Direitos aduneiros pagos em ouro

Lei nº  1193 de 31 de Agosto determina que os direitos aduaneiros sejam pagos integralmente em ouro, reforçando o disposto no decreto de 9 de Abril de 1918.

 

30

Lavoura contra o pão barato

Reunião magna da ACAP considera um erro a política do pão barato (30 de Agosto). Participam Pequito Rebelo, Fernandes de Oliveira e Anselmo de Andrade. Ambiente de grande unidade dos agrários no sentido da defesa do proteccionismo constante do modelo da Lei Elvino de Brito. Os vinhateiros do Ribatejo, vivendo em crise de exportações apoiam os produtores de trigo. Até os sindicalista do Alentejo são favoráveis ao proteccionismo

 

30

Governo de António Granjo

Constituído o governo em 30 de Agosto.

 

 

Uma experiência governamental republicano-conservadora liderada por António Granjo. Domina a ala dos ex-evolucionistas que integram os liberais. Há uma forte oposição dos populares, também eles ex-evolucionistas, liderados por Júlio Martins, que conseguem federar os sindicalistas, os adeptos de Liberato Pinto e os membros da esquerda dos democráticos, dominada pelo Grupo dos 13 e pelo Centro Radical António Maria Baptista.

 

31

Apresentação parlamentar

Apresentação parlamentar em 31 de Agosto. Neutralidade dos católicos; cepticismo dos reconstituintes; quanto aos democráticos prometem fiscalização patriótica e republicanai.

 

Granjo é acusado de vendido à s Moagens, de reaccionário e de monárquico. O escândalo dos cinquenta milhões de dólares domina as discussões parlamentares. Ataques especialmente virulentos da Imprensa da Manhã, a voz de Liberato Pinto, subsidiada por Alfredo da Silva e Fausto de Figueiredo.

 


Setembro

1

Discurso antiparlamentar de A. L. Gomes

Deputado António Luís Gomes, em 1 de Setembro, considera que o sistema parlamentar está condenado por causa do regime de mentira, ao mesmo tempo que os ministros são uns verdadeiros crimonosos que estão a arrancar o sangue do povo português. Conclui salientando: cada vez enjoo mais a política. Nunca entrei para partido algum, porque os partidos da República têm colocado os homens acima dos partidos … Por isso é que os homens de bem se retraem, afastando-se da política.

 

1

Crise das subsistências

Artigo em O Século, em 1 de Setembro, sobre a crise das subsistências considera que a classe média ficou entre o martelo e a bigorna.

 

4

Burla dos 50 milhões de contos

Confirmada a burla do empréstimo dos 50 milhões de contos através de comunicação diplomática do visconde de Alte em 4 de Setembro. O gabinete de Barros Queirós já conhecia a trama desde 28 de Agosto.

 

5

Regresso da questão religiosa

Em 5 de Setembro, comício em Loures, com violentos discursos anticatólicos. Declarações de António Granjo no Senado, em 2 de Setembro são desvirtudas pelo relato parlamentar do Diário de Notícias, quando se refere que Granjo reconhecia a religião católica como a única do país.

 

6

Inspecção do Comércio de Câmbios

Decreto de 6 de Setembro cria a Inspecção do Comércio de Câmbios.

 

Crise cambial

A cotação da libra que se situava em 28$44,4 em Novembro de 1920 passa para 38$59,2 em Agosto de 1921

 

8

Questão do empréstimo no parlamento

Em 8 de Setembro, Cunha Leal interpela o ministro das finanças sobre a questão do empréstimo dos 50 milhões de contos. Sobre os boatos que correm, Vicente Ferreira apenas diz fumo. Na Câmara dos Deputados, intensos ataques aos banqueiros portugueses que serviram de intermediários no processo.

 

10

Confirmada a prisão de Liberato Pinto

Confimada pelo Conselho Superior de Disciplina do Exército a punição a Liberato Pinto, um ano de detenção (10 de Setembro). Surge campanha da Imprensa da Manhã em apoio de Liberato.

 

16

Escândalo com subsídios a jornais

Em 16 de Setembro, o deputado Carvalho da Silva denuncia o facto do governo ter indemnizado com 4 500 contos indivíduos e empresas consideradas vítimas da última revolução. Jornais O Mundo e O Portugal, afectos aos democráticos, são contemplados com 260 e 330 contos, respectivamente.

 

17

Adiamento dos trabalhos parlamentares

Em 17 de Setembro, os trabalhos parlamentares são suspensos até 7 de Novembro.

 

19

Novo regime cerealífero

Publicada novo regime cerealífero em 19 de Setembro (lei nº 1 213), criando três tipos de pão e de farinha. Regresso aos preços de 1899, actualizados pelo câmputo ouro.

 

30

Golpe de Estado abortado

Aborta golpe de Estado em 30 de Setembro. O chefe da conjura é o tenente-coronel Manuel Maria Coelho, com o capitão de fragata Procópio de Freitas e os oficiais da GNR Camilo de Oliveira e Cortês dos Santos. Presos alguns desses cabecilhas, eles são depois libertados por Granjo. Entre os presos, o coronel Xavier Ferreira, Orlando Marçal, Sebastião Correia e Procópio de Freitas.

 

 

Movimento de salvação pública

Surge um esboço de movimento de salvação pública, subscrito por José de Castro, António Luís Gomes, Jaime Cortesão, João de Deus Ramos, Francisco António Correia, Ramada Curto, Cunha leal, Leonardo Coimbra e Sá Cardoso.

 


Outubro

5

Encontro de Granjo e Cunha Leal

Fausto de Figueiredo, um dos financiadores da Imprensa da Manhã, promove encontro de António Granjo com Cunha Leal no Estoril em 5 de Outubro.

 

Incidentes no cemitério do Alto de S. João

Nas cerimónias do cemitério do Alto de S. João, na romagem aos túmulos de Cândido dos Reis e Miguel Bombarda, há insultos a Granjo, com morras  à reacção e aos jesuítas.

 

Libertação dos implicados no 30 de Setembro

Mas o presidente do ministério manda libertar os implicados no 30 de Setembro que se encontravam detidos. Considera que só pela brandura se consegue governar.

 

15

Regresso ao tipo único de pão

Regresso ao tipo único de pão em 15 de Outubro (decreto nº 7 741).

 

16

Seara Nova

Em 16 de Outubro sai o primeiro número da revista Seara Nova. Entre os colaboradores António Sérgio, Raul proença, Jaime Cortesão, Câmara Reis, Ezequiel de Campos e Raul Brandão.

 

19

Golpe outubrista

Em 19 de Outubro, a Noite Sangrenta, onde são assassinados o presidente do ministério e o fundador da República, Machado Santos, juntamente com J. Carlos da Maia. Triunfava a revolta falhada em 30 de Setembro, agora apoiada por forças da marinha. Os ministros da guerra e da marinha estavam ausentes de Lisboa. No quartel do Carmo, à s 10 horas da manhã, Granjo escereve a António José de Almeida, demitindo-se.

 

21

Fuga de Alfredo da Silva

Alfredo da Silva foge precipitadamente para Espanha e sofre atentado em Leiria.

19

Noite sangrenta

Uma camioneta-fantasma com o cabo Abel Olímpio, chamado O Dente de Ouro, circula por Lisboa recolhendo aqueles que serão assassinados. Granjo ainda tenta refugiar-se na casa do vizinho Cunha Leal, seu adversário político, mas é daqui arrancado, vindo a morrer no Arsenal. São também assassinados o secretário do ministro da marinha, comandante Freitas da Silva e o coronel Botelho de Vasconcelos.

 

 

Libertado o assassino de Sidónio Pais

José Júlio Costa, o assassino de Sidónio Pais, que se encontrava detido no hospital Miguel Bombarda, é libertado, no dia 19, por 300 civis armados. Depois de passar pelo centro Republicano António Maria Baptista, onde é homenageado, segue para a clandestinidade no Norte.

 

Governo de Manuel Maria Coelho

Às 22 horas e 45 minutos do dia 19 de Outubro, António José de Almeida investe Manuel Maria Coelho. Pouco antes, Agatão Lança informa-o dos atentados.

 

Primeiro governo outubrista, reunindo chefes da insurreição e gente respeitável. Muitos não tomam posse para não se confundirem com os assassinos. O presidente do ministério era um antigo revoltoso do 31 de Janeiro de 1891.

 

Libertado o assassino de Sidónio Pais

Libertado o assassino de Sidónio Pais, José Júlio Costa, que se encontrava detido nno hospital Miguel Bombarda. A acção é levada a cabo por 300 civis armados. É levado para o Centro Republicano António Maria de Baptista, onde foi homenageado. Segue para o Norte, em regime de clandestinidade.

 

 

Atentado contra Alfredo da Silva em Leiria. Preso Tamagnini Barbosa. A única organização política que apoia o novo governo é o grupo popular de Júlio Martins, mas já sem a participação de Cunha Leal. António José de Almeida apresenta a demissão, mas manifestação de autarcas, no dia 30 de Outubro,  fá-lo recuar.

 

21

Intervenção do corpo diplomático

Corpo diplomático manifesta preocupação pelas ocorrências sangrentas ao novo ministro dos estrangeiros, Veiga Simões.

 

24

Funerais de António Granjo

Funerais de António Granjo em 24 de Outubro. Cunha Leal discursa: a fera que todos nós e eu aç ulamos, que anda à solta, matando porque é preciso matar. Todos nós temos culpa! É esta maldita política.

 

Lopes de Oliveira diz então: foi a desordem em que caímos que vitimou agora, canibalmente, alguns dos nossos.

 

Jaime Cortesão: os crimes que se praticaram não eram possíveis sem a dissolução moral a que chegou a sociedade portuguesa. Por trás das espingardas que vararam António Granjo, há outras armas mais perigosas e asassinas. Chamam-se elas o egoísmos das classes, e, em especial, das mais altas; a inércia e por vezes a corrupção do poder; a esterilidade dos mais elevados organismos políticos da nação que se debatem em mesquinhas disputas.

 

24

Prisão dos implicados na Noite Sangrenta

Nos dias 24, 26 e 27 o governo levava a cabo a prisão dos principais implicados nos atentados de 19 de Outubro.

 

28

Navios de guerra estrangeiros no Tejo

De 28 de Outubro a 18 de Novembro, três navios de guerra europeus (1 espanhol, 1 francês e 1 britânico) ficam estacionados no estuário do Tejo.

 

29

Explosão de bombas na sede das Juventudes Sindicalistas

Explosão de bombas na sede das Juventudes Sindicalistas na Calçada do Combro

 

30

Manifestação de apoio a António José de Almeida

Em 30 de Outubro, manifestação de homenagem ao Presidente da República que havia declarado querer demitir-se.

 

31

Atentado à bomba contra consulado norte-americano

Atentado à bomba contra o consulado norte-americano em Lisboa. Protesto dos anarquistas contra a condenação à morte em Boston de Nicola Saco e Bartolomeo Vanzetti.

 


Novembro

3

Demissão do governo

Governo demite-se em 3 de Novembro por temer intervenção estrangeira. Fala-se na chegada de navios de guerra ingleses, franceses e espanhóis.

 

 

nGoverno de

Governo tem um cariz semi-outubrista, mobilizando militantes partidários populares e dissidentes democráticos. Maia Pinto, filiado nos democráticos, tinha sido ministro das colónias no governo de Coelho.

 

6

Dissolução parlamentar

Em 6 de Novembro, dissolução parlamentar, sendo marcadas eleições para 11 de Dezembro, depois de consulta aos partidos.

 

9

Descarrilamento criminoso

Descarrilamento criminoso do comboio Correiro do Sul provoca sete mortos, em 9 de Novembro.

 

10

Pedida acalmação dos espíritos

Maia Pinto reúne-se com a imprensa em 10 de Novembro e pede acalmação dos espíritos.

 

20

Manifestação à beira do túmulo de Machado Santos. Discurso de Gomes da Costa contra a indisciplina: a República ameaça fazer bancarrota, degenerando num falso parlamentarismo, com uma política de facção … A palavra República … se converteu em propriedade exclusiva de uma oligarquia de profissionais ambiciosos, irrequietos e insaciáveis.

 

23

Decreto de 23 de Novembro admite no quadro permanente do Exército os milicianos louvados, condecorados ou feridos em campanha, bem como aqueles que combateram a monarquia.

 

27

Em 27 de Novembro divulga-se um acordo estabelecido numa reunião ocorrida no dia 22, entre liberais, democráticos e alvaristas, onde se estabelece o princípio da não colaboração com os governos outubristas, defendendo-se o saneamento das finanças e a harmonia entre o capital e o trabalho.

 


Dezembro

5

Adiamento das eleições para 8 de Janeiro

Por decreto de 5 de Dezembro, as eleições eram já adiadas para 8 de Janeiro.

 

10

Aproveitamento de terrenos incultos

Decreto nº 7 933 de 10 de Dezembro promove o aproveitamento de terrenos incultos.

 

11

Proposta para a convocação do anterior parlamento

Em 11 de Dezembro, José Domingues dos Santos em entrevista diz odiar todas as ditaduras, da esquerda e da direita, sugerindo ao Presidente da República que convoque o parlamento dissolvido para Coimbra ou para o Porto.

 

 

Protesto dos reconstituintes

Imediata oposição dos reconstituintes em A Vanguarda: os partidos não podem pôr em causa a legitimidade do adiamento desde que o aceitaram antes dele ser decretado

 

12

Reforma do ministério dos estrangeiros

Decreto nº 7 899 de 12 de Dezembro reforma o ministério dos estrangeiros (Veiga Simões). Reforma suspensa logo em 23 de Janeiro de 1922.

 

13

Demissão do governo de Moura Pinto

Em 13 de Dezembro, governo comunica que apresentou demissão. Nesse mesmo dia António José de Almeida convida Cunha Leal que tem o apoio do outubristas Camilo de Oliveira.

 

13

Regresso dos dissidentes de D. Pereira ao seio dos democráticos

Também em 13 de Dezembro, os dissidentes democráticos de Domingos Pereira regressam ao partido.

 

16

Governo de Cunha Leal

Constituído o governo em 16 de Dezembro. Era de concentração partidária, presidido por Cunha Leal, com um reconstituinte, um liberal, um outubrista, três democráticos e três independentes. Declara-se encerrado o período revolucionário. Visa-se manter a ordem, julgar os culpados da Noite Sangrenta e realizar eleições.

 

27

Governo retira-se para Caxias, face a pressão da GNR

Em 27 de Dezembro, face à pressão político-militar da GNR, o governo retira-se para Caxias. Governo concentra forças do Exército no Campo Entricheirado e chama Gomes da Costa para comandá-las. Manda depois concentrar forças em Santarém.

 

30

Partidos rejeitam a inclusão de candidatos governamentais

Cunha Leal propõe a democráticos, liberais e reconstituintes que, no acordo de entendimento eleitoral já firmado, possa haver lugar para algumas personalidades independentes que o governo tencionava favorecer. Logo em 30 de Dezembro, os directórios dos partidos declaram essa impossibilidade. Em virtude desta resposta, dois depois, já Cunha Leal apresentava a demissão.

 

 


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