Respublica     Repertório Português de Ciência Política         Edição electrónica 2004


1930

 

 

Jan.  Fev.  Mar.   Abr.  Mai.  Jun.   Jul.  Ag.  Set.   Out.  Nov.  Dez.


Janeiro

4

Cunha Leal, então director do Banco de Angola, profere conferência na Associação Comercial de Lisboa onde critica violentamente Salazar, por causa de Angola. Considera que, devido a esta política, Angola pode deixar de ser portuguesa. A maioria do CM é favorável a Cunha Leal, mas Carmona apoia Salazar. Este responde a Cunha Leal através de nota oficiosa do dia 7, a que Leal responde no dia 8. Cunha Leal é demitido do Banco de Angola, o governo cai e Salazar, no novo gabinete passa a ministro interino das colónias.

11

Discussão no Conselho de Ministro da questão Cunha Leal. A maioria dos ministros está contra Salazar que apenas é apoiado pelo ministro da justiça Lopes da Fonseca

15

Anuncia-se que Passos e Sousa formará governo.

21

Governo de Domingos Oliveira. Salazar, ministro interino das colónias e Cunha Leal sai da direcção do Banco de Angola.

25

Salazar em nota oficiosa, na qualidade de ministro interino das colónias, anuncia um plano de obras de fomento para Angola.

28

Em Espanha, Miguel Primo de Rivera pede a demissão e parte para o exílio em Paris. Há uma grave crise económica, a que se segue uma súbita desvalorização da peseta.


Fevereiro

16

Norton de Matos critica publicamente plano de obras de fomento para Angola anunciado por Salazar em 25 de Janeiro. Salazar é obrigado a responder com uma série de notas oficiosas de 16 e 22 de Fvereiro, bem como de 29 de Abril


Março

12

Uma Junta Liberal promove uma conferência anti-salazarista do engenheiro Perpétuo da Cruz na Associação de Socorros Mútuos dos Empregados do Comércio e Indústria.

 

Conflito em Angola. O alto-comissário Filomeno da Câmara visita o Lobito e deixa a indefinição em Luanda, onde stala um conflito entre o chefe de estado maior Genipro da Cunha de Eça Freitas e Almeida e o tenente Morais Sarmento, com troca de tiros e morte deste último. Salazar, em 16 de Março, demite o alto-comissário e nomeia o tenenete-coronel Bento Roma, segundo o conselho de monsenhor Alves da Cunha.

 

Em 27 de Março, cai o governo alemão presidido pelo social-democrata Hermann Muller. Em 30 de Março, surge um governo de inspiração presidencial, como o católico Heinrich Brunning

 

Começa o julgamento de Alves dos Reis


Abril

 

Surge Política, revista doutrinária, editada pela Junta Escolar de Lisboa do Integralismo Lusitano. Entre os colaboradores, Dutra Faria, Pinto de lemos, Amaral Pyrrait, António Pedro e António Tinoco. Dura até Março de 1931

30

Publicado o Acto Colonial que cria o conceito de Império Colonial Português, abolindo o regime dos altos-comissários. Diz-se que visa os princípios do mais alto nacionalismo.

Estava reunido na altura em Lisboa o 3º Congresso Colonial que defende a designação de provínicias ultramarinas e a consideração de  um todo unitário e indivisível. Salazar é apoiado por João de Almeida, mas ferozmente criticado por Cunha Leal. O 28 de Maio entra em cisão tanto pela questão colonial como pela questão militar


Maio

 

Prisão de Cunha Leal. Do Aljube passa para Ponta Delgada e, daqui, para o Funchal. Evade-se em Novembro e só regressa a Lisboa, amnistiado, em Dezembro de 1932. São também presos nesse mês João Soares, Moura Pinto, Tavares de Carvalho, Carneiro Franco e Raúl Madeira.

17

Publicada a Reforma da Contabilidade Pública.

28

Discurso de Salazar na Sala do Risco Ditadura Administrativa e Revolução Política


Junho

16

Nota oficiosa de Salazar sobre a situação de Angola. Anunciada a criação do Banco de Fomento Colonial com extinção da Junta da Moeda de Angola. O general Bilstein  de Meneses é enviado como observador a Angola.

17

Prisão de vário chefes republicanos (Sá Cardoso, Helder Ribeiro, Augusto Casimiro, Rego Chaves, Ribeiro de Carvalho, Maia Pinto, Correia de Matoos, Pinto Garcia e Carlhos Vilhena). Já tinham sido detidos em Maio João Soares, Moura Pinto, Tavares de Carvalho, Carneiro Franco, Raul Madeira e Cunha Leal. Tudo por causa de um presumível golpe, marcado para o dia 21.


Julho

5

Prisão de João de Almeida, o herói dos Dembos. Nota oficiosa refere que o mesmo preparava um movimento revolucionário destinado a derrubar o governo

 

Ivens Ferraz em conlui com o ministro da guerra Namorado de Aguira movimentam-se no sentido do afastamento de Salazar.

29

Salazar abandona a pasta das Colónias, para onde é nomeado Eduardo Marques

30

Criada a União Nacional por decreto do Conselho de Ministros. Na Sala do Conselho de Estado, General Domingos de Oliveira lê o texto. Comparecem membros do Governo e representantes dos municípios do país. Salazar faz discurso intitulado Princípios Fundamentais da Revolução Política onde critica as desordens cada vez mais graves do individualismo, do socialismo e do parlamentarismo, laivados de actuações internacionalistas.


Agosto

17

Em Espanha, as oposições de esquerda unificam-se pelo chamado Pacto de S. Sebastian.

 

Causa Monárquica apoia Salazar e incita os monárquicos a aderirem à União Nacional.

 

Lopes Mateus, o ministro do interior, conhecido como o cabo Mateus entra em conflito com Vicente de Freitas e persegue os monárquicos que não aceitaram colaborar. Chega a ser preso João de Almeida.

 

Surge em Paris o chamado Grupo de Buda com os oposicionistas Moura Pinto, Jaime Morais e Jaime Cortesão. Ligados a José Domingues dos Santos.


Setembro

 

Em 14 de Setembro, eleições na Alemanha. Os nazis, que se opõem ao pagamento de indemnizações de guerra, passam de 12 para 107 deputados.


Outubro

5

Em 5 de Outubro de 1930, esboçam-se em Lisboa manifestações da oposição. Efectuadas várias prisões.

24

Em 24 de Outubro, golpe militar depõe o presidente Washington Luís no Brasil.


Novembro

3

Em 3 de Novembro, sobe ao poder no Brasil Getúlio Vargas


Dezembro

12

Em 12 de Dezembro os últimos soldados aliados evacuam do Sarre

 

Inaugurada a Liga 28 de Maio. Dominada por sidonistas e tendo como principal líder David Neto

30

Salazar em discurso para militares, elogia as virtudes (é o regime das notas oficiosas, dos discursos calmamente encenados em salas fechadas perante delegações representativas; o reviralho faz golpes de Estado ou organiza-se no exílio)


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