Partido Social Democrata
Sozialdemokratische Partei Deutschlands (1863)

Situa as suas origens mais recuadas na ebulição revolucionária, de matriz pequeno-burguesa, que varreu a Europa em 1848.

Reclama-se, a despeito das transformações operadas no decurso do seu longo historial, herdeiro da Associação Geral dos Trabalhadores Alemães ("Allgemeiner Deutscher Arbeiterverein"), fundada na Alemanha, em 1863, por Ferdinand Lassalle, prosélito heterodoxo do próprio Karl Marx.
Esta organização funde-se em 1875 com o Partido Social-Democrata dos Trabalhadores ("Sozialdemokratische Arbeiterpartei"), que fora criado por August Bebel em 1869.

As divergências sobre aspectos de natureza programática e organizativa, desde muito cedo insanáveis, conduziram a sucessivas recomposições na fisionomia ideológica e no próprio corpo dirigente.
Em 1875, Marx e Engels na Crítica ao Programa de Gotha, adoptado durante o congresso que visava unificar as diversas facções social-democratas, denunciam já com eloquência o reformismo economicista sustentado pelos testamenteiros de Lassalle, mais tarde elevado por Bernstein à condição de doutrina oficial do partido.
Engels retomaria, na Crítica ao Prgograma de Erfürt, de 1891, a denúincia implacável do portunismo eleitorlista reinante entre os membros da direcção, que seguiam a célebre divisa bernsteiniana "o Movimento é tudo".

Sofre duras perseguições após a promulgação das Leis Anti-socialistas durante a chancelaria de Bismarck, entre 1878 e 1890.

No seguimento da revogação da legislação que, durante 12 anos, proibira as suas actividades, o SPD ressurge em 1890 como uma das maiores forças políticas do Reich, obtendo 19,7% dos sufrágios. Amplia o resultado em 1912, nos alvores da Grande Guerra, quando se torna o partido mais votado (34,8%).

Durante a I Grande Guerra, a posição chauvinista então assumida pelo SPD, baseada nas teses de Karl Kautsky sobre a necessidade de a classe operária alemã apoiar o esforço de guerra da sua burguesia, no conflito que a opunha a outras burguesias nacionais, motivou o desmembramento da II Internacional, por quebra de vínculos de solidariedade com as formações alíenigenas.

No período conturbado que se seguiu ao Armistício de 1918, quando estava iminente a tomada do Poder pelo recém-fundado Partido Comunsta da Alemanha (KPD), onde pontificavam Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht (que chegaram a proclamar a República Soviética Bávara), o SPD deu um inestimável contributo para a consolidação da República de Weimar, ao conjurar a ameaça bolchevique.
A aventura revolucionária terminaria em Janeiro de 1919 com a detenção e ulterior execução sumária dos líderes spartakistas.

O ocaso da democracia, que não conseguiu resistir à tremenda crise económica de 1929, remeteu o SPD para uma posição muito delicada.
A ascensão eleitoral do nacional-socialismo, iniciada em meados dos anos 20, deveu-se, em grande medida, à inércia dos social-democratas, que insistiram em repudiar qualquer hipótese de acordo frentista com o KPD, numa altura em que os comunistas detinham também uma importante fatia do eleitorado.
Detentores absolutos do Poder Político, os nacional-socialistas depressa encetaram, sobretudo a partir do incêndio do Reichstag, em Fevereiro de 1933, feroz perseguição às hostes do SPD, entretanto ilegalizado.

A repartição da Alemanha entre as esferas de influência americana e soviética, a montante da II Guerra Mundial, ditou o desmantelamento do SPD. Na área sob controlo aliado, Kurt Schuhmacher (1895-1952) rejeitou qualquer possibilidade de coalisão com os comunistas.
Contudo, na futura RDA, o KPD, favorito dos soviéticos, limitou-se a absorvê-lo, sob a denominação de Parido Socialista Unificado, banindo todos os militantes que tentassem opor-se a este amálgama.

O Programa de Godesberg, forjado em 1959, define o SPD como "partido do povo", procurando a adesão de sectores mais amplos do eleitorado, incluindo os grupos organizados de carácter religioso.

Willy Brandt torna-se, em 1969, o primeiro chanceler social-democrata do pós-guerra.

Afastados do executivo em 1982, quando o FDP abandona a coligação governamental de esquerda e se passa para o campo conservador, liderado pela aliança CDU/CSU, os social-democratas mantém-se na oposição até 1998, quando Gerhard Schröder e Oskar Lafontaine conduzem o partido a uma estrondosa vitória nas legislativas.


© Nuno Zimas. Todos os direitos reservados. Cópias autorizadas, desde que indicada a proveniência: Página profissional de José Adelino Maltez ( http://maltez.info). Última revisão em: 21-12-2003