Partido Socialista
Socialist Party (1901)

No seguimento de uma conferência para a unifificação do movimento operário norte-americano, realizada em Idianápolis, delibera-se a fusão, sob denominação comum, do antigo Partido Social-Democrata, criado em 1898 por Eugene Victor Debs com a chamada Kangaroo Wing, dissidente do Socialist Labor Party.

De início, o SP compunha-se de várias facções, espécie de Torre de Babel à Esquerda. Neste ecletismo cabiam Marxistas ortodoxos, socialistas cristãos, radicais sem orientação ideológica definida, trade-unionistas e judeus, tanto sionistas como anti-sionistas.

Desde muito cedo começaram a fermentar clivagens, quase na órbita do binómio revolução vs. reforma. Procurou-se então uma solução de compromisso.
A transformação revolucionária da sociedade como horizonte a atingir, não deveria afastar o partido da luta quotidiana pela elevação da qualidade de vida das classes trabalhadoras.
Com as sucessivas clarificações e reestruturações, orgânicas e programáticas, a via gradualista (não violenta) acabou por triunfar, moldando o SP em fraseologia essencialmente reformista.
"Building the new society within the shell of the old" tornou-se mote para a acção política.

Nas vésperas da I Grande Guerra, o SP conta 100.000 militantes e consegue uma implantação junto do eleitorado que, nesta magnitude, não viria a repetir-se em toda a História posterior da Esquerda norte-americana (se excluirmos o Democratic Party). Obtém 70 presidências de câmara e mais de 1.000.000 de votos para a candidatura federal de Eugene Debs, em 1912 (façanha que repetiria 8 anos depois).

Uma das mais sérias desavenças, ocorridas neste período áureo, entre as várias sensibilidades, respeita ao papel que o partido deve desempenhar no seio das trade-unions. Debs e De Leon, os dois principais líderes, porfiam na manutenção do Industrial Workers of The World como meio preferencial de afirmação de uma corrente socialista no movimento sindical, ao tempo dominado pelo corporativismo da American Federation of Labor. Outros, todavia, defenndiam que esta atitude divisionista poderia quebrar a solidariedade e a coesão do movimento, sugerindo aproximações à facção socialista da AFL, coordenada por Max Hayes.

Durante a Guerra de 14-18 é dos poucos partidos da II Internacional que continua a opor firme resistência ao conflito.
A rejeição da lógica belicista do imperialismo redundou na prisão arbitrária de muitos membros do partido, Debs incluído (1919).

O rescaldo da Revolução Bolchevique atira o SP para uma situação de ruptura iminente, consumada em 1919 com a criação de dois partidos adeptos da integração na III Internacional, o Communist Party USA e o Communist Labor Party, chefiado pelo célebre jornalista e escritor John Reed, gande entusiasta da Revolução triunfante conduzida por Lenin em 7 Novembro de 1917.
A razia numérica nos quadros do partido é inevitável. Em 1924, debilitado na sua capaciade de actuação, não apresenta candidatura às presidenciais federais.

Norman Thomas, veterano do pacifismo, imprime nova dinâmica a partir de 1928.
A popularidade do partido recrudesce durante os anos de penúria que se seguiram. Nas presidenciais de 1932, Thomas recebe 896.000 votos.

A paranóia persecutória contra o esquerdismo reduziu os efcetivos do SP, em meados da década de 50, a somente 2.000.

Com vista a revitalizar o socialismo democrático nos Estados Unidos, o SP reabsorveu, em 1957, a Social_democratic Federation, devido a pressões da Internacional Socialista. Fazendo da coabitação e do ecletismo uma das traves-mestras da sua cultura organizacional, encetou conversaçãoes com vários grupos radicais, tendentes à formação de um amplo movimento de resistência. Entre eles, a Jewish Labor Bund aceita cooperar, sem prejuízo da sua autonomia. Já a Independent Socialist League, troskysta, opta por se dissolver no SP.
É precisamente desta entidade que saem os protagonistas de uma nova viragem à direita na definição estratégica, Max Shachtman e Michael Harrington, que advogam a capitulação perante o eleitoralismo. O afastamento do partido face aos trabalhadores só poderia ser debelado com a ocupação de uma tribuna mais ampla, o Partido Democrático.
Esta díade leva à exasperação da ala mais radical do partido, cansada de tanta afronta oportunista.
Contrariando a tradição anti-belicista do socialismo com rosto humano, a direcção consegue fazer chumbar, no congresso de 1968, uma moção de protesto contra o envolvimento americano no Vietname.

O realinhamento com o Democratic Party culminou, em 1972, com nova cisão. A ala direita, ainda dominante, impôs a mudança de nome (Social Democrats USA) para satisfazer os elementos ávidos de uma definitiva osmose com os democratas. O sector esquerdista (Debs Caucus), apoiado nos SP estaduais do Wisconsin, Illinois e Califórnia, reagruparam-se com o objectivo de reabilitar o Socialist Party, agora purgado dos carreiristas que o haviam compelido à extinção.

Desde então, tem o SP orientado a sua actividade para a resolução dos problemas de dimensão local, ainda que venha a ser reconhecido, em 1984, pela Comissão Federal de Eleições, como partido político nacional.

A frustração, sentida pelo eleitorado mais progressista, com as medidas liberalizadoras e anti-laborais da Administração Clinton, a par do fim da Guerra Fria e do advento e massificação da Internet, trouxe ao SP novo influxo de militantes, jovens, na esmagadora maioria.


© Nuno Zimas. Todos os direitos reservados. Cópias autorizadas, desde que indicada a proveniência: Página profissional de José Adelino Maltez ( http://maltez.info). Última revisão em: 21-12-2003