Partido Comunista da Grã-Bretanha
Communist Party of Britain (1920)

Dissidência esquerdista do ancilosado Communist Party of Great Britain, de que se reclama legítimo continuador.

Na sequência da campanha de solidariedade com o jovem poder soviético, à época sob o cerco das principais potências imperialistas, diversas forças progressistas britânicas reunem-se em convenção, a 31 de Julho e 1 de Agosto, para analisar as possibilidades de se agruparem sob uma mesma bandeira. É assim que representantes do British Socialist Party, do Communist Unity Group of the Socialist Labour Party e da South Wales Socialist Society acordam a fundação do Communist Party of Britain, que se filia, acto contínuo, na III Internacional.
No entanto, cedo as divergências fazem perigar a coesão interna de um partido ainda frágil. Em carta dirigida aos congressistas, Lenine incita-os a promoverem agitação revolucionária no quadro parlamentar em que o Labour Party se movia. Em derradeira instância, esta linha estratégica conduziria tendencialmente à fusão com os sectores mais radicais dos Trabalhistas.
O resultado prático desta aliança surge logo em 1920, quando, sob pressão da classe trabalhadora a protestar em uníssono, Lloyd George decide a retirada unilateral dos britânicos da coligação anti-soviética.
Resgatar os sindicatos aos seus líderes colaboracionistas é outro objectivo temporariamente concretizado, depois da humilhante derrota sofrida pelos movimentos grevistas dos mineiros (1921) e dos estivadores (1923), corolário lógico do receituário capitulacionista até aí seguido.

Nas legislativas de 1924 o Labour angaria o número de votos suficiente para governar em minoria. A ala direita deste partido receia então a crescente influência exercida pelos comunistas infiltrados no aparelho. Os tories encetam uma massiva campanha de difamação contra o excutivo do trabalhista Ramsay McDonald, acusado de manter ligações de afinidade com a União Soviética. O ocaso desta experiência pioneira de governação à esquerda é inevitável. Dá-se logo início a um aceso debate para averiguar as razões de tão efémero mandato. Com opinião dominante entre as hostes mais permeáveis à radicalização do discurso, o CPGB consegue instilar a necessidade de implementar uma verdadeira socialist policy quando o Labour retornar à esfera do Poder.

Para suster o ascendente dos comunistas nas fileiras do LP, a direcção decide uma vez mais, em Outubro de 1925, rejeitar a adesão oficial do Partido Comunista, sonegando ainda a hipótese de os comunistas militarem no partido a título individual ou de os delegados sindicais afectos ao CPGB assumirem posições em nome dos trabalhistas.
O executivo tory aproveitou a polémica para deter 12 membros eminentes do CPGB, sob o libelo de congeminarem uma sedição.

Gorada a plataforma de entendimento com os trabalhistas, o CPGB, longe de se deixar abater pela perseguição do governo conservador, regressa às lutas laborais com posição de comando.
Dirige a heróica greve dos mineiros, em Maio de 1926, em torno da qual fermenta um movimento de solidariedade proletária nunca visto no Reino Unido. Durante 9 dias épicos, os comunistas mobilizam para a contenda cerca de 3 milhões de trabalhadores.

A partir de 1935, inspirado pelas rsoluções emanadas do VII Congresso da Internacional Comunista, enceta uma luta vigorosa contra o flagelo fascista que assolava a Europa.
Prepara e envia para Espanha um batalhão de voluntários que irão combater ao lado das forças republicanas.
No plano interno, empenham-se, por vezes de modo violento, em sabotar as actividades da British Fascist Union.

Com a eclosão da II Grande Guerra, o Partido Comunista beneficiou da anomia social daí resultante para se fortalecer, organizativa e numericamente. Porém, enfrenta ainda a proibição do Daily Worker, durante 18 meses, que vira a ser levantada já em 1941.
Neste lapso de conflagração bélica (1939-45), o effectivo de militância mais do que duplica, passando de 20.000 para cerca de 45.500 logo após a cessação das hostilidades.

Elabora e divulga, em 1951, a sua concepção de socialismo para a Grã-Bretanha, no panfleto A British Road To Socialism, onde tenta ajustar os objectivos às condições específicas historicamente determinadas do país.

Alinha, a partir de 1957, com o revisionismo oficial saído das teses aprovadas no XX Congresso do PCUS(b), suavizando o projecto de reorganização social imaginado 6 anos antes.

Esta via liquidacionista conduz o Partido a lenta agonia e definhamento ao longo das décadas seguintes.

Só em 1989 os elementos mais inconformistas reunem apoios suficientes para operar uma cisão e refundar ideologicamente o CPGB, sob a designação de Communist Party of Britain

Harry Pollitt, líder carismático, foi o secretário-geral que mais se notabilizou, sobretudo na fase mais conturbada (anos 30 e 40).


error-file:TidyOut.log
© Nuno Zimas. Todos os direitos reservados. Cópias autorizadas, desde que indicada a proveniência: Página profissional de José Adelino Maltez ( http://maltez.info). Última revisão em: 21-12-2003