Partido Liberal Democrata Liberal Democrat Party* (1859; refundado em 1988)
Filia-se na tradição do liberalismo inglês iniciada por John Locke.
Constitui-se como bloco oposicionista ao poder conservador que dominava a política britânica na época
vitoriana. Do seu núcleo fundador, dinamizado, principalmente, por Whigs, fazem ainda parte elementos dissidentes dos tories (seguidores de Robert Plee) e
uma pleíade eclética de políticos radicais. Disputa com o Partido Conservador
a hegemonia eleitoral durante a última metade do século XIX, por intermédio de William Ewart Gladstone, várias vezes primeiro-ministro.
Após um período de entropia, durante o qual se mantém na oposição, regressa ao poder em 1906, pela mão de
Henry Campbell-Bannerman, o grande reorganizador do partido. Até 1915, o executivo liberal empreende reformas de largo espectro, tendentes a mitigar
as arbitrariedades cometidas pela omnipotente House of Lords. Desponta então um escol de figuras políticas que viriam a marcar a História recente
do Reino Unido, encimado por Winston Churchill, compagnon de route dos liberais ao longo de 18 anos, Asquith e Lloyd George.
No rescaldo da I Grande Guerra, as diversas facções, encabeçadas por Asquith e George, que até aí haviam coabitado em relativa harmonia
envolvem-se numa luta fraticída de consequências desastrosas, no plano eleitoral. Com o partido cindido e debilitado, os trabalhistas
aproveitam esta conjuntura para subtrair aos liberais o voto das classes laboriosas, guindando-se à posição de segunda força política e única capaz de ombrear
com os conservadores. As rivalidades no seio do Partido Liberal eram, aliás, ainda mais vigorosas do que a contenda entre Conservadores e Trabalhistas. Em 1923 dá-se uma tentativa, frustrada, de
reunificação. Porém, as divergências de fundo persistiram, agravando a sedimentação eleitoral do partido. Apresentam-se às eleições de 1929 com uma plataforma radical
inspirada nas teses intervencionistas de John M. Keynes, atitude invulgar num partido que sempre advogara
a esfera mínima de regulação estatal. Trata-se, no fundo, de recuperar o eleitorado perdido para o Labour. Chamados ao Governo de Unidade Nacional, em 1931, investido para debelar a gravíssima crise económica, os liberais
cedo manifestam discordância face ao rumo excessivamente estatizante que estava a ser percorrido. Lloyd George e os seus prosélitos decidem afastar-se, recusando
pactuar com políticas restritivas do livre comércio. São seguidos nesta postura pelo próprio líder liberal, Herbert
Samuel. Após este episódio, o Partido Liberal afunda-se gradualmente, perdendo o fulgor eleitoral de outros tempos. Chega mesmo a ser ostracizado no processo de produção legislativa. Em 1957
conta apenas 5 mandatos na Câmara dos Comuns.
O relançamento do partido, a partir dos idos de 1950, deve-se à visão estrtégica de Jo Grimond, empossado presidente
em 1956. Implementa-se um plano de reconstrução que procura fortalecer a coesão partidária a partir
da base. O trabalho realizado ao nível das pequenas comunidades locais, impulsiona os liberais para a primeira vitória
em 30 anos, conquistando o municipío de Torrigton (Devon).
Pela celebração do efémero Lib-Lab Pact, firmado em 1977 (seria anulado um ano depois), abrem-se de novo as portas do poder aos liberais. A experiência
revela-se, no entanto, traumática, dada a heterogeneidade ideológica entre os dois coligantes.
A deserção do denominado Gang of Four, que incluía os elementos mais proeminentes da ala moderada dos trabalhistas,
redunda na criação do Social-Democratic Party, com o qual os liberais estabelecem um acordo de aliança
em 1979. A coincidência de princípios leva a uma progressiva integração de quadros do minúsculo SDP nas fileiras do Partido Liberal.
O descontentamento entre os sectores mais afoitos ao liberalismo clássico, apreensivos com a rota esquerdista a que este compromisso
obriga, prenuncia a ruptura consumada em 1988. Nesse ano, as cúpulas de ambos os partidos deliberam a fusão institucional. Funda-se
assim o actual Liberal Democrat Party, consolidado como força política de charneira entre os principais beligerantes, conservadores
e trabalhistas. Cumpre, quando uma das duas metades da bicefalia partidária não governam em maioria, o penoso, embora decisivo,
a função de fiel da balança. De referir que o núcleo duro dos irredutíveis, que se demarcaram da osmose com o SDP, resiste como zeloso guardião
do moribundo Liberal Party.