Tradicionalista na génese, opõe-se com veemência ao ideário
jacobino e liberal emanado da Revolução Francesa, que, sob pretexto de promover a Igualade, a Fraternidade e a Liberdade,
acaba por benefiaciar o fortalecimento do centralismo absolutista em Espanha, na pessoa de Fernando VII.
Congrega as camadas da população mais prejudicadas pela ordem económica emergente nos começos do século XIX, a pequena
fidalguia terratenente, o clero rural e as comunas camponesas mantidas sob a jurisdição dos fueros.
No fragor da crise dinástica que se abre com a Constituição de Cádis, em 1812, os partidários da legitimidade de Carlos de Burbon ao trono
vêem neste pretendente o garante da tradição foral. Recusam, por meios violentos, o projecto centralizador de Fernando VII, que nega as especificidadea
regionais. É no País Basco que a resistência se torna mais aguda, porquanto aí reside o modelo foral na sua acepção mais extrema, secularmente implantada.
Da insubordinação à sedição militar é curta a distância. As hostes carlistas enfrentam a realeza de Madrid em 3 períodos: 1833-40, 1846-49 e 1872-76. Acossados pela indigência permanente, os bastardos do liberalismo triunfante
mobilizam-se para a defesa da religião, da ordem tradicional e da moralidade económica, constatado o rotundo falhanço do novo receituário livre-cambista. Advogam o retorno às estruturas colectivistas do Antigo Regime, daí provindo
a faceta socialista que alegam perfilhar.
Na sua versão esquerdista, o Partido Carlista, bate-se, actualmente, por alterações à constituição espanhola, de 1978, que permitam
a dissolução progressiva do paradigma unitário de Estado, a substituir por uma solução federativa, mais consentânea com a pluralidade nacional
ibérica. Contudo, subsiste ainda um ramo contrarevolucionário e conservador, a Comunión Tradicionalista Carlista que assume a divisa
Dios, Pátria, Fueros y Rey.