Para 11 de Março de 1959 estava prevista uma
revolta contra o regime salazarista, liderada por Manuel Serra e pelo major
Calafate, em torno de um Movimento Militar Independente, onde também terá
participado o capitão Vasco Gonçalves, sob a protecção de Delgado. Outro dos
conspiradores foi o crónico capitão Carlos Vilhena. Participariam também o
major Pastor Fernandes e o capitão Almeida Santos, oficial de ligação a
Craveiro Lopes. A revolta foi planeada em 18 de Dezembro de 1958 e estava para
deflagrar logo em 28 de Dezembro. Será a primeira vez que sectores católicos
actuam numa conspiração. Manuel Serra será a partir de então qualificado
como o Manecas das intentas. Com efeito, a revolta abortada deu origem a
uma série de intentonas. As reuniões conspiratórias ocorriam na Sé de
Lisboa, com a condecendência do pároco, o padre Perestrelo de Vasconcelos.
Depois de julgados e presos, os implicados são repartidos por Caxias, Aljube,
Trafaria e Elvas. Desta última prisão acabam por evadir-se o capitão Almeida
Santos e o médico miliciano Jean-Jacques Valente, com o apoio do cabo Gil da
guarda nacional republicana. As circunstâncias da fuga levarão ao assassinato
de Almeida Santos, dando origem ao romance de José Cardoso Pires, A Balada
da Praia dos Cães, donde foi extraído um célebre filme.
© José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em:
01-05-2007