Governo nº 40 (desde 14 de Janeiro) António Serpa (274 dias). O segundo governo de D. Carlos e o sexto regenerador. Apesar de ser um gabinete que mobiliza personalidades bem experimentadas em negócios de Estado, até se recorrendo ao apoio do velho dissidente regenerador, Barjona de Freitas, nomeado embaixador em Londres, o governo acaba por cair por pressões da Liga Liberal, com Fuschini a clamar contra a ditadura de Lopo Vaz.

Presidente acumula o reino e a guerra (desde 17 de Janeiro). Lopo Vaz de Sampaio e Melo na justiça; João Ferreira Franco Pinto Castelo Branco (1855-1929) na fazenda; Hintze Ribeiro nos estrangeiros; Frederico Gusmão de Correia Arouca (1843-1902) nas obras públicas. Vasco Guedes de Carvalho e Meneses na guerra (até 17 de Janeiro). O professor de direito João Marcelino Arroio (1861-1930) na marinha e ultramar. Em 5 de Abril de 1890: Júlio de Vilhenaö substitui João Marcelino Arroio na marinha e ultramar. Recriado, então, o ministério da instrução pública (22 de Agosto), para onde transita João Arroio que, não estando em Lisboa e não sendo consultado, andou de pasta em pasta sem o saber.

Bandos em vez de partidos – Como observa Oliveira Martins, não há partidos, não há doutrinas constitucionais, a liberdade política saiu do campo da doutrina para o dos costumes. Daí, assistir-se a um novo estado de coisas: os partidos dissolvem-se em bandos, as influências pessoais substituem a fugida influência dos princípios, os bandos aparecem transformados em sociedades cooperativas que funcionam exclusivamente, ou quase, em benefício dos associados.

Governo de António Serpa

14 de Janeiro a 14 de Outubro de 1890

274 dias

19º governo depois da Regeneração

6º governo do rotativismo

6º governo regenerador

2º governo do reinado de D. Carlos

Promove eleições de 30 de Março de 1890

·Presidente acumulou o reino e a guerra (desde 17 de Janeiro).

·Lopo Vaz de Sampaio e Melo na justiça;

·João Ferreira Franco Pinto Castelo Branco na fazenda;

·Hintze Ribeiro nos estrangeiros;

·Frederico Gusmão de Correia Arouca nas obras públicas.

·Vasco Guedes de Carvalho e Meneses na guerra (até 17 de Janeiro)

·João Marcelino Arroio na marinha e ultramar[1]

·O governo tomou posse depois do Ultimato britânico. Conciliaram-se as famílias regeneradoras e Barjona de Freitas terminou com a dissidência da esquerda dinástica, aceitando o cargo de embaixador em Londres. Mas é dominando por aquilo que Lopes d’Oliveira qualifica como os práticos tarimbeiros da política, ao contrário do sonho bismarkiano, então manifestado por Oliveira Martins.

·Lopo Vaz dissolve a câmara municipal de Lisboa, na altura liderada pelo progressista Fernando Palha

·Em 11 de Fevereiro, comício republicano na Rua da Palma, em Lisboa, seguindo-se cortejo até ao Largo Camões. A manifestação é dissolvida pela campanha de apitos da Guarda Municipal, havendo apenas pranchadas.

·Nas eleições de 30 de Março ocorreram violentos incidentes.

·Em 23 de Março, o estudante republicano António José de Almeida publica um artigo com o escandaloso título de Bragança, o Último.

·No dia 11 de Abril era posto à venda o Finis Patriae de Guerra Junqueiro

·Eleições para os pares em 14 de Abril de 1890

·Em 20 de Agosto, assinatura do tratado de Londres

·O governo cai pressionado pela Liga Liberal, constituída por oficiais do exército e inspirado por Fuschini que critica a ditadura de Lopo Vaz


 

[1] Lopes d’Oliveira, pp. 80-81

Em 5 de Abril de 1890:

·Júlio de Vilhena substitui João Marcelino Arroio na marinha e ultramar;

·Recriado, então, o ministério da instrução pública, para onde transitou João Arroio[1]

·Parlamento abre em 19 de Abril de 1890.

·Em 20 de Agosto de 1890 é assinado o Tratado de Londres (publicado no Diário do Governo de 30 de Agosto).

·Reabre o parlamento em 15 de Setembro. Discute-se o tratado. Grandes manifestações em Lisboa duramente reprimidas pelo governador civil Paço d’Arcos que, em breve, é demitido e enviado como embaixador para o Brasil.

·Em Setembro surge a Liga Liberal que em Outubro promove uma reunião de 400 oficiais no Teatro de São Luís de Lisboa. O governo cairá por pressão da Liga Liberal.


 

[1] Lopes d’Oliveira, pp. 87-88

Projecto CRiPE- Centro de Estudos em Relações Internacionais, Ciência Política e Estratégia. © José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: 31-03-2009