1906 Depois de novo falhanço de Hintze,João Franco governa à inglesa, com apoio dos lucianistas

Governo nº 47 (62 dias, desde 20 de Março) de Hintze. São mobilizados três futuros chefes do governo, como Artur Alberto Campos Henriques (1853-1922) para a justiça, António Teixeira de Sousa (fazenda) e Wenceslau de Sousa Pereira de Lima (1858-1919) para os estrangeiros, bem como Pimentel Pinto (guerra), José de Azevedo Castelo Branco (marinha) e Pereira dos Santos (obras públicas).

É o terceiro e último governo presidido por Hintze, o nono do reinado de D. Carlos e o 26º desde a Regeneração. Promove novas eleições, graças a uma dissolução que havia sido solicitada pelo anterior governo progressista. São desde logo anunciados novos governadores civis, com destaque para o conde de Sabugosa em Lisboa.

Acordo de lucianistas e franquistas – Como reacção, cria-se a chamada concentração liberal entre lucianistas e franquistas, no dia 2 de Abril. O jornal O Século, que anuncia o acordo no dia 4, chega a dizer que João Franco pode assumir papel de chefe constitucional do futuro partido liberal da monarquia, desempenhando papel semenelhante ao de Gladstone. No dia 5, no Diário Ilustrado, considera-se que o rotativismo deixa de existir logo que os partidos que se alternem no poder estejam em franca e sincera oposição, se fiscalizem honestamente, e não se unam para encobrir ao país os erros que cometeram

  Governo anterior

Governo posterior  

Governo de Hintze Ribeiro

De 21 de Março a 19 de Maio de 1906

62 dias

26º governo depois da Regeneração

9º governo regenerador

3º governo depois da desagregação partidária

3º e último governo hintzáceo

9º governo do reinado de D. Carlos

Promove as eleições de 29 de Abril de 1906, apesar da dissolução ter sido solicitada pelo anterior governo progressista

·Presidente acumula o reino.

·Na justiça, Campos Henriques;

·Na fazenda, António Teixeira de Sousa;

·Na guerra, Pimentel Pinto;

·Na marinha e ultramar, José de Azevedo Castelo Branco;

·Nos estrangeiros, Wenceslau de Lima;

·Nas obras públicas, Pereira dos Santos.

·Nomeados novos governadores civis e administradores de concelho. Conde de Sabrosa, governador civil de Lisboa (28 de Março)

·Anunciado o acordo de concentração liberal entre José Luciano e João Franco (4 de Abril)

·No dia 8 de Abril, amotinação do cruzador d. Carlos I, surto no Tejo. Consegue a pacificação junto dos revoltosos o antigo ministro Francisco Joaquim Ferreira do Amaral. No dia 13, sublevação no couraçado Vasco da Gama.

·Comícios republicanos na Estefânia e nos Olivais, em 22 de Abril. No dia 24 são apreendidos os jornais Lucta, Vanguarda e Mundo por publicarem os discursos dos comícios

·Eleições em 29 de Abril (domingo). Incidentes no Rossio em 4 de Maio, quando republicanos esperam a chegada de Bernardino Machado. No dia 6, incidentes na praça de touros do Campo Pequeno: espectadores voltam as costas à família real e ovacionam Afonso Costa.

·Em 15 de Maio, o governo pede o adiamento das Cortes. D. Carlos não vai conceder a pretensão de Hintze.

 

Projecto CRiPE- Centro de Estudos em Relações Internacionais, Ciência Política e Estratégia. © José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: 31-03-2009